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Câncer da mama quintuplica entre jovens
Pesquisa do Hospital do Câncer de São Paulo detectou, em cinco anos, esse aumento da incidência entre mulheres até 35 anos
Levantamento foi feito com as pacientes da instituição; maior prevalência da doença costuma ocorrer
a partir dos 50 anos
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A incidência do câncer da
mama em mulheres abaixo de
35 anos quintuplicou no período de cinco anos, revela pesquisa do Hospital do Câncer de São
Paulo. A maior prevalência da
doença, principal causa de
morte entre as brasileiras,
ocorre a partir dos 50 anos.
Em 1999, o hospital registrou
17 casos novos de câncer mamário em mulheres abaixo de
35 anos. Em 2004, foram 84.
Esse último número representa 16,8% do total de casos novos
de tumor mamário que a instituição atende por ano -em média, 500. O esperado seria de
5% a 7%, conforme a literatura
internacional.
Segundo o mastologista Mário Mourão Neto, diretor do departamento de mama do Hospital do Câncer, ainda não se
sabe o motivo da maior prevalência, que vem sendo observada no mundo todo a partir da
última década e que, no futuro,
deve provocar uma mudança
no rastreamento da doença.
Hoje, a mamografia é indicada
a partir dos 40 anos.
Mourão Neto diz que, a partir
desse levantamento, o hospital
iniciou uma investigação epidemiológica dessas pacientes,
checando hábitos alimentares,
época da primeira menstruação, uso de pílula anticoncepcional etc. A idéia é checar se os
casos apresentam dados coincidentes e que poderiam ser
considerados fatores de risco.
Ao mesmo tempo, explica o
mastologista, será feita uma
avaliação de possíveis alterações genéticas, por meio de testes e de biologia molecular. Todos os fragmentos dos tumores
dessas mulheres estão congelados no banco de tumores do
hospital. Ele diz que 19% das
mulheres jovens avaliadas tinham antecedentes familiares
para câncer da mama ou para
outros tumores correlatos, como o de ovário e de próstata.
Mourão Neto diz que a grande preocupação é o fato de as
mulheres jovens estarem excluídas dos programas de rastreamento. Ou seja, mesmo que
tenha histórico familiar de câncer da mama, dificilmente uma
mulher abaixo de 35 anos tem
indicação para fazer mamografia ou ultra-som.
"O tumor na mulher jovem é
mais agressivo. Porém, as chances de cura são de 90% quando
diagnosticado precocemente."
Para o mastologista, é possível que o estresse, o fato de não
ter filhos, o tabagismo, o consumo de bebidas alcoólicas, a exposição à poluição e outros hábitos da mulher moderna estejam entre os fatores que estão
levando ao aumento da incidência do tumor mamário.
A mesma tese de que fatores
externos estão ligados a esse
aumento é defendida por Diógenes Basegio, presidente da
Sociedade Brasileira de Mastologia. "O aumento é real e preocupante. A meta agora é descobrir o motivo."
Segundo ele, outro trabalho
realizado pela Universidade de
Passo Fundo (RS) também detectou uma prevalência de 17%
de tumores de mama em mulheres abaixo de 40 anos. O estudo avaliou 315 mulheres, entre 23 e 70 anos. Ele afirma que
outros centros universitários
brasileiros também estão pesquisando o fenômeno.
O mastologista Antonio
Frasson, do hospital Albert
Einstein, atribui o maior número de casos à antecipação
diagnóstica (as mulheres estão
procurando o médico mais cedo) e à melhoria dos métodos
de diagnóstico na última década -introdução do ultra-som
mamário e da ressonância
magnética, dois exames indicados para mamas jovens.
"É possível que a ocidentalização dos hábitos de vida tenham alguma relação com o aumento, mas é preciso mais estudos para comprovar isso."
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