São Paulo, sábado, 05 de agosto de 2006

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Gritos de guerra do Bope dividem moradores

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Os moradores das Laranjeiras se dividem entre ser contra ou a favor dos gritos de guerra dos policiais do Bope durante os treinamentos pelas ruas do bairro. Para o capitão pára-quedista reformado, Luís Lousada, 69, as palavras de ordem são usadas normalmente por militares durante os exercícios e servem para levantar a moral da tropa.
"Alguns refrães possuem trechos fortes, mas isso não significa que eles sejam assassinos apesar de viverem numa constante guerra."
O militar condena o fato de jovens de classe média ouvirem "CDs proibidões" -que enaltecem traficantes- dentro de carros na porta de colégios. "Os pais desses jovens deveriam ser presos e conduzidos à frente de um juiz de menores para servirem de exemplo. Os meus filhos nunca ouviram estas porcarias", disse.
Já a comerciante Maria de Jesus, 56, moradora da Rua Eugênio Hussak, disse ter ficado impressionada com o refrão que diz: "Homens de preto qual é tua missão, entrar pela favela e deixar corpos no chão, homens de preto o que é que você faz, eu faço coisas que assustam o Satanás".
Maria diz se sentir mais segura no bairro desde que o batalhão foi instalado na região, mas acha que a frase causa a impressão de que os policiais são matadores e que na favela só existem marginais.
O universitário Humberto Luiz, 20, contou que levou um susto quando descia de motocicleta da casa de sua namorada, na Rua Pereira Nunes, e se deparou com os PMs do Bope em exercício e cantando gritos de guerra. "Fiquei impressionado e, se morasse numa favela, morreria de medo deles."
A funcionária pública federal Nilce Lima, 60, disse nem prestar atenção nos gritos cantados pelos policiais militares. "O importante para mim é que, depois que eles se instalaram aqui, os bandidos do Pereirão deram um sossego para nós e os pequenos furtos no bairro estão reduzidos a quase nada. Todo mundo teme esses homens. Se existisse mais uns dois batalhões desses especiais o tráfico já teria diminuído na cidade", afirmou.


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