São Paulo, domingo, 05 de agosto de 2007

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Governo queria um culpado, diz ex-presidente da Infraero

José Carlos Pereira, demitido da estatal, afirmou que prestou um serviço ao país

O brigadeiro afirmou que não aceitou se demitir do cargo, como queria o ministro Nelson Jobim (Defesa); ele não se disse magoado

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Demitido anteontem da presidência da Infraero (estatal responsável pelos aeroportos), o brigadeiro José Carlos Pereira disse que, se o governo precisava de um "culpado" pela crise aérea, então sua saída do cargo é um "serviço ao país". Ele afirmou, no entanto, que não está magoado.
O brigadeiro disse que não aceitou se demitir do cargo, como queria o ministro da Defesa, Nelson Jobim.
A sua saída será formalizada em reunião do Conselho de Administração da Infraero, marcado para amanhã à tarde.
Só então poderá assumir Sérgio Gaudenzi, ex-deputado e atual presidente da Agência Espacial Brasileira.
"Sou "imagoável'", disse J.Carlos, como o ex-presidente da Infraero é conhecido, sobre sua demissão após dez meses de crise nos aeroportos. "Se o governo precisava encontrar um culpado pela situação, então estou prestando um serviço ao país", afirmou.
Na última sexta-feira, ele se reuniu com Jobim e com o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, na base aérea de Brasília para tratar da reforma da pista do aeroporto de Cumbica (Guarulhos). Reforçou seu plano de reforma em três etapas, incluindo o recapeamento completo, e depois foi chamado à parte pelo ministro e comunicado de sua demissão.
Jobim, segundo o brigadeiro, decidiu pela realização da reforma, mas disse a ele que a decisão só será tomada ao voltar de viagem a Manaus.
J.Carlos havia dito em entrevista à Folha que considerava a pista "não confiável" -o aeroporto de Cumbica havia sido escolhido para acolher a sobrecarga de Congonhas. Ele pressionou para que a obra não fosse postergada.
Desgastado pelo caos crônico nos aeroportos e alvejado pela controvérsia da segurança da pista de Congonhas após o acidente do vôo 3054, J.Carlos ainda tentou articular sua permanência no cargo.

Sem autonomia
Antes da presidência, J.Carlos foi diretor de Operações na gestão de Carlos Wilson (PT-PE) na Infraero, sobre a qual pendem acusações de corrupção e superfaturamento de obras. O brigadeiro argumenta nos bastidores que não teve verdadeira autonomia para trocar a diretoria da estatal.
Sobre planos futuros, J.Carlos foi lacônico. "Só quero ficar longe do governo e de cargo público", disse.


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