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Polícia investiga toque de celular que enaltece drogas
Inquérito apura comércio de funks com menção a maconha e a facção criminosa
Diretores das empresas de telefonia móvel Vivo e Claro serão chamados a depor, bem como os funkeiros MC Menor do Chapa e Sabrina
DA SUCURSAL DO RIO
A polícia do Rio abriu um inquérito para investigar a venda
de toques musicais para telefones celulares com funks de apologia ao tráfico, os chamados
"proibidões". As empresas Vivo
e Claro venderam nos últimos
quatro meses toques com as
músicas "Vida Louca", do MC
Menor do Chapa, e "Bonde Andando", da MC Sabrina.
As músicas são versões modificadas de letras de funk. A primeira canção enaltece a facção
criminosa CV (Comando Vermelho) e pede a liberdade de
um dos líderes da facção, Márcio dos Santos Nepomuceno, o
Marcinho VP, que está detido
na penitenciária Bangu 1, na zona oeste do Rio de Janeiro. Na
música da MC Sabrina, existe a
alusão ao "boldin" -um tipo de
maconha.
Nos sites, as músicas apareciam dentro de uma seção dedicada ao grupo Furacão 2000,
equipe que promove bailes de
funk e que é comandada por
Rômulo Costa. Ele já teria sido
notificado do problema e teria
entrado em contato com as empresas de telefonia celular há
dois meses, sem que nada tivesse sido feito.
Na página do Furacão 2000
na internet, de acordo com
Costa, existem quase 10 mil
músicas, mas nenhuma com letras de apologia às drogas.
No caso da operadora Vivo,
os funks eram baixados do próprio telefone celular ou da página da empresa na internet pelo
custo de R$ 5,56. Na Claro, o
preço pago era de R$ 4,46 pelas
músicas acessadas e baixadas
também pela internet ou pelo
próprio aparelho telefônico.
A Claro afirmou que terceiriza o serviço para uma outra empresa, cujo nome não foi divulgado, e que ela oferece um pacote com as canções.
Na música do MC Menor do
Chapa, "Vida Louca", ele canta
o "fundamento do CV", afirma
que a "Chatuba [morro da zona
norte carioca] vem e toma de
assalto" e diz ao ouvinte para
"se ligar" no "157" (artigo do
Código Penal para roubo).
Diretores das empresas de
telefonia móvel serão chamados a depor, bem como os funkeiros MC Menor do Chapa e
Sabrina. O depoimento está
marcado para o próximo dia 13
na DRCI (Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática). A polícia deve encaminhar
ainda nesta semana, para perícia, as músicas que eram vendidas para confirmar se as vozes
são mesmo dos funkeiros.
Indiciamento
A polícia diz se preocupar
com o acesso dos adolescentes
às letras de música com apologia ao consumo da droga e com
a compra desse tipo de canção.
Inspetores ouvidos pela Folha
disseram que, na internet, é
possível conseguir o acesso a
esse tipo de material.
No ano passado, Sabrina e
Menor do Chapa foram indiciados sob a acusação de tráfico
de drogas pela DRE (Delegacia
de Repressão a Entorpecentes)
por terem cantado músicas que
exaltariam traficantes, o uso de
drogas e ações criminosas, como os bondes [comboio de carros roubados].
Eles foram incluídos no item
da Lei de Entorpecentes que
estabelece como prática de tráfico induzir, instigar ou auxiliar
alguém a usar drogas ou substância que determine dependência física ou psíquica.
No inquérito da DRE, ao todo 13 funkeiros foram indiciados sob a acusação de associação para o tráfico e apologia
durante apresentações em bailes realizados em áreas carentes do Rio de Janeiro. Eles ainda não foram a julgamento.
Até a conclusão desta edição,
a Folha não havia localizado os
advogados de Sabrina e Menor
do Chapa.
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