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Alerta de Airbus difere do de simulador
No treino para pilotos, aviso fica ativo até que manetes estejam na posição correta; no avião da TAM, ele pode parar antes
No acidente do vôo da TAM, que matou 199 pessoas, um dos manetes foi deixado em aceleração, o que impediu o avião de frear devidamente
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Investigadores da Aeronáutica constataram diferenças entre o simulador de treinamento
de pilotos e a cabine do Airbus-A320 da TAM no que diz respeito à apresentação do aviso
sonoro "retard" -que alerta o
piloto a colocar as alavancas
das turbinas em "idle" (ponto
morto ou baixa aceleração).
No acidente do vôo 3054 da
TAM, um dos manetes foi deixado em aceleração, o que impediu o avião de frear devidamente. O Airbus ultrapassou a
pista e colidiu com um prédio,
deixando 199 mortos.
A informação sobre a divergência foi dada a deputados da
CPI do Apagão Aéreo pelo coronel Fernando Camargo, chefe da investigação no Cenipa
(Centro Nacional de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos).
Segundo ele, há "diferenças"
no modo como o "retard" aparece no simulador e na cabine
de um A320. Além de simular
as condições do acidente no simulador, os investigadores observaram a operação na cabine
de um vôo regular da TAM.
Segundo os deputados, no simulador o "retard" continua
avisando o piloto caso os manetes não estejam em ponto morto. Mas, na cabine do A320, o
aviso pode parar mesmo com as
alavancas na posição incorreta.
No caso do vôo 3054, há o registro na caixa-preta de três
avisos de "retard" -dois deles
emitidos pelo computador de
bordo, antes de o piloto mexer
nos manetes, e um depois da
operação, feito por um sensor.
No acidente de outro A320
em Taiwan, em condições similares, os investigadores chegaram a questionar a Airbus sobre o motivo de parada do aviso
"retard" sem que ambas as alavancas estivessem corretamente desaceleradas.
Foi daí que surgiu a proposta
de um alerta novo para esse tipo de falha, que a TAM anunciou que irá instalar em sua frota a partir do próximo mês.
No vôo 3054, a turbina esquerda foi desacelerada corretamente, mas a direita permaneceu em aceleração. Isso desativou a frenagem automática e
a turbina acelerou. Em conseqüência, os spoilers não abriram e a frenagem manual nas
rodas não deteve o avião.
"A diferença constatada no
simulador ajudou a suscitar dúvidas sobre o funcionamento
do retard", disse o deputado
Efraim Filho (DEM-PB).
A TAM foi procurada, mas
não comentou a questão por se
tratar de investigação sigilosa.
A Airbus não respondeu.
Sem falha humana
Após ouvirem os 22 minutos
que faltavam do áudio da cabine do Airbus, o relator Marco
Maia (PT-RS) e o vice-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), da CPI do Apagão da Câmara, concluíram que não há indícios de falha humana no
acidente com o avião da TAM.
Os deputados estiveram no
Cenipa para ouvir a gravação.
Colaborou a Folha Online
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