São Paulo, quarta-feira, 05 de setembro de 2007

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Delegado é suspeito de roubo em falsa blitz

PM prende policial que revistava carros em Niterói a 50 km de sua área; motorista afirma que foi roubado durante a ação

Corregedoria abriu inquéritos administrativo e criminal contra Célio Erthal Rocha; também foi preso um agente penitenciário

MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO

Um delegado da Polícia Civil e um agente penitenciário foram presos ontem pela Polícia Militar, acusados de realizar uma blitz fora da sua área de atuação e roubar motoristas numa das principais avenidas de Niterói, na região metropolitana do Rio.
Delegado-adjunto da 50ª Delegacia de Polícia (Itaguaí), Célio Eduardo Alcântara Erthal Rocha comandava a blitz na zona sul de Niterói, a cerca de 50 quilômetros da sua área. O outro acusado é Marcelo Carvalho Oliveira, agente do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário).
A ocorrência contra Rocha foi registrada pela noiva dele, a delegada Raíssa Cellis, que será investigada pela Corregedoria da Polícia Civil (veja texto ao lado) por suspeita de tentar amenizar a situação.
A Folha não conseguiu localizar os advogados de Rocha e de Oliveira. Eles prestaram ontem depoimento à polícia e foram liberados. Negaram os crimes e não deram entrevistas.
A dupla foi presa na madrugada de ontem por policiais militares do 12º Batalhão de Polícia Militar e levada para 78ª DP (Fonseca), ambos em Niterói.
Apesar das queixas de assalto, o caso foi registrado pela delegada Raíssa inicialmente apenas como abuso de autoridade. No entanto, eles serão investigados pela corregedoria também pela acusação de roubo.
Na delegacia, Rocha e Oliveira teriam agredido verbalmente os policiais militares responsáveis pela prisão e foram reconhecidos por uma das vítimas de assalto, de acordo com a PM.

Pistola raspada
Foram apreendidos com a dupla um Santana verde, com giroscópio acoplado, um revólver e duas pistolas -uma delas estava acautelada na 50ª DP com a numeração raspada e era usada ilegalmente pelo policial.
De acordo com os PMs, a dupla e mais dois homens que seriam policiais civis assaltaram o motorista de um táxi em Icaraí, na zona sul de Niterói, e, pouco depois, no mesmo local, pararam a picape de um supervisor de vigilância, levando documentos do motorista e R$ 70 em espécie.
A terceira vítima seria um dentista, abordado no centro de Niterói.
O delegado e os outros integrantes do grupo se envolveram numa briga numa casa noturna no centro de Niterói. Com o tumulto, a Polícia Militar foi chamada e prendeu Rocha e Oliveira -os dois outros homens fugiram.
Na delegacia, o policial e o agente foram reconhecidos pelo motorista da picape.

Inquéritos
A Corregedoria da Polícia Civil anunciou que pedirá o afastamento de Rocha. A delegada Ivanete Fernanda de Araújo, da corregedoria, disse que o delegado vai responder a dois inquéritos.
"Não temos elementos para mantê-lo preso em flagrante, mas ele já está respondendo a dois inquéritos, um criminal e outro administrativo", afirmou. "Também estou pedindo o afastamento dele do cargo enquanto durar a investigação. Mas essa decisão é da chefia de Polícia Civil."
O chefe de Polícia Civil, Gilberto Ribeiro, disse que há pontos conflitantes na ocorrência que precisam ser investigados, como o fato de o delegado estar atuando fora da sua área de cobertura. Também afirmou ter determinado uma "apuração rigorosa".
A delegada Ivanete acrescentou que, se necessário, a corregedoria poderá pedir a prisão temporária ou preventiva do delegado durante as investigações. Rocha tem menos de dois anos na instituição e pode ser exonerado.
No dia 15 de agosto, dois cabos do Corpo de Bombeiros e um delegado federal aposentado usaram uniformes falsos da Polícia Federal para simular uma blitz e tentar roubar e seqüestrar um empresário numa das principais avenidas da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.


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