São Paulo, sábado, 05 de setembro de 2009

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Preço de plano pode subir, dizem operadoras

Atualização da lista de procedimentos médicos aumenta o custo das empresas, afirma presidente de associação do setor

Arlindo Almeida diz que será preciso esperar alguns meses após a entrada em vigor da nova lista para as operadoras avaliarem impacto da medida

Eduardo Knapp - 13.fev.08/Folha Imagem
Paciente em clínica odontológica; proposta da ANS prevê que planos cubram tratamento de coroa

DA REPORTAGEM LOCAL

Quando a cobertura dos planos de saúde é ampliada, a tendência é de aumento nos preços. É o que afirma Arlindo de Almeida, presidente da Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo), entidade que representa o maior segmento de operadores de planos de saúde do país.
Almeida, que participou das reuniões na ANS para a elaboração da nova proposta, afirma que vários procedimentos que serão incluídos não são feitos "todo dia". Mesmo assim, diz, "há um grande problema que é a somatória de procedimentos a cada atualização da lista, o que traz custos às operadoras".
Ele diz que será preciso esperar alguns meses após a entrada em vigor da nova lista -o que ocorrerá em abril- para que as operadoras possam fazer seus cálculos e medir o impacto. Contudo, alerta que esse impacto foi sentido nas últimas atualizações feitas pela ANS.
Para exemplificar o impacto da inclusão de procedimentos ele cita um estudo do IESS (Instituto de Estudos em Saúde Suplementar). Segundo a pesquisa, houve um aumento de 10% nos custos das operadoras neste ano em relação a 2008.
Entre os vários fatores para o aumento, explica, estão a crise econômica e também a atualização da lista de procedimentos em 2008, já que os usuários passaram a utilizar progressivamente os novos serviços.

Insatisfação
A lista de procedimentos tradicionalmente é alvo de manifestações de insatisfação de todos os setores envolvidos. As operadoras acham que podem ter prejuízos; usuários e a classe médica reclamam de não contar com a cobertura para vários procedimentos.
Para Márcio Bichara, da área de saúde suplementar da Fenam (Federação Nacional dos Médicos), há um problema no conceito da elaboração da lista que é o da cobertura mínima.
"O usuário se sente ludibriado quando precisa de um procedimento que não está na lista e, às vezes, acaba tendo que ir à Justiça para ter esse direito."
Ele diz que há mais de mil procedimentos -de uma classificação hierarquizada reconhecida pela classe médica- que não são obrigatórios aos planos. Ele cita como exemplo determinados tipos de transplantes. Alguns deles, como o de fígado, não precisam ser cobertos pelas operadoras.

Odontologia
Um dos setores que se diz mais prejudicado é o de odontologia. Ricardo Duarte, dentista e representante da ABO (Associação Brasileira de Odontologia) na câmara técnica da ANS que revisa a lista de procedimentos, afirma que a inclusão dos procedimentos dentários ainda é bastante defasada.
"As operadoras deveriam cobrir pelo menos o mínimo do mínimo, que são os procedimentos que restabelecem a função de um dente", diz.
Ele ressalta que os procedimentos de colocação de coroa e bloco são fundamentais nesse sentido e tratam dentes que têm problemas que passam de uma "simples cárie".
Duarte critica a posição das operadoras de planos que atuam na área odontológica. Segundo ele, essas empresas impõem inúmeras dificuldades para que os procedimentos odontológicos sejam cobertos.


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