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Diretora defende que USP participe do Enade
Sem aderir ao exame de universitários, instituição fica sem referência quanto ao nível de seus cursos, diz Sonia Penin, da Faculdade de Educação
Integrante da comissão responsável pelas avaliações federais, ex-pró-reitora diz ter sido voto vencido na decisão da USP de seguir fora do Enade
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
A diretora da Faculdade de
Educação da USP, Sonia Penin,
defende que a universidade
participe do Enade (exame de
universitários) e demais avaliações federais. Ela integra a comissão do governo federal responsável pelos exames.
Se a escola entrasse no sistema, seria possível "comparar o
rendimento dos estudantes do
país todo. É positivo para a USP
e para o sistema", afirmou Penin, ex-pró-reitora de graduação da universidade.
Em todo o país, apenas USP e
Unicamp não participam da
avaliação. Dizem não concordar com a metodologia.
Nesta semana, diversos indicadores foram divulgados pelo
Ministério da Educação. Algumas conclusões são que 737 mil
estudantes estão em universidades reprovadas e um em cada
quatro engenheiros se forma
em cursos de baixa qualidade.
Como não participam dos
exames, USP e Unicamp não
estão incluídas nos dados. No
mês passado, depois de um ano
de negociação com o MEC, a
USP decidiu permanecer fora
da avaliação, criada em 2004.
A posição majoritária na votação foi que o modelo não permite saber se um curso recebeu
nota baixa por conta da má
qualidade ou de boicote dos estudantes. Entendeu também
que a avaliação precisa considerar outros indicadores, como
a eficácia da autoavaliação.
A Unicamp nem chegou a
abrir negociação formal para
aderir, pois entende que sua
autoavaliação é suficiente.
A seguir, a entrevista com Penin -feita na quarta-feira, um
dia antes de ela se apresentar
como candidata a reitora.
FOLHA - Como a sra. analisa a posição da USP de ficar fora do Enade?
SONIA PENIN - A universidade ficou fora contra o voto da minha
faculdade. Eu sou a favor de que
a universidade entre no Enade.
As universidades paulistas são
avaliadas pelo Conselho Estadual da Educação, na forma de
autoavaliação. Mas o Enade
avalia os estudantes, coisa que
São Paulo não faz. E pode-se
comparar o rendimento dos estudantes do país todo. É positivo para a USP e para o sistema.
Concordo com as considerações colocadas no COG [conselho de graduação, que decidiu
manter a USP fora da prova].
São pontos problemáticos e
precisam ser resolvidos, mas isso pode ser feito já dentro da
avaliação, junto ao Inep [instituto que aplica a avaliação].
A não-participação da USP e
Unicamp dá uma modificação
muito grande nos resultados
nacionais. Se estivessem, poderiam servir de referência de
qualidade para outros cursos.
A questão é polêmica, mesmo na minha faculdade. Precisamos encontrar um consenso.
FOLHA - A USP tem receio de se
comparar com outras instituições?
PENIN - Não creio. É justamente a universidade que não teria
medo, porque sabemos que
grande parte dos cursos são de
boa qualidade.
FOLHA - O que a USP perde ao ficar
fora das avaliações?
PENIN - Perde a referência do
nível dos cursos. É um indicador importante.
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