São Paulo, sábado, 05 de setembro de 2009

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Diretora defende que USP participe do Enade

Sem aderir ao exame de universitários, instituição fica sem referência quanto ao nível de seus cursos, diz Sonia Penin, da Faculdade de Educação

Integrante da comissão responsável pelas avaliações federais, ex-pró-reitora diz ter sido voto vencido na decisão da USP de seguir fora do Enade

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

A diretora da Faculdade de Educação da USP, Sonia Penin, defende que a universidade participe do Enade (exame de universitários) e demais avaliações federais. Ela integra a comissão do governo federal responsável pelos exames.
Se a escola entrasse no sistema, seria possível "comparar o rendimento dos estudantes do país todo. É positivo para a USP e para o sistema", afirmou Penin, ex-pró-reitora de graduação da universidade.
Em todo o país, apenas USP e Unicamp não participam da avaliação. Dizem não concordar com a metodologia.
Nesta semana, diversos indicadores foram divulgados pelo Ministério da Educação. Algumas conclusões são que 737 mil estudantes estão em universidades reprovadas e um em cada quatro engenheiros se forma em cursos de baixa qualidade.
Como não participam dos exames, USP e Unicamp não estão incluídas nos dados. No mês passado, depois de um ano de negociação com o MEC, a USP decidiu permanecer fora da avaliação, criada em 2004.
A posição majoritária na votação foi que o modelo não permite saber se um curso recebeu nota baixa por conta da má qualidade ou de boicote dos estudantes. Entendeu também que a avaliação precisa considerar outros indicadores, como a eficácia da autoavaliação.
A Unicamp nem chegou a abrir negociação formal para aderir, pois entende que sua autoavaliação é suficiente. A seguir, a entrevista com Penin -feita na quarta-feira, um dia antes de ela se apresentar como candidata a reitora.

 

FOLHA - Como a sra. analisa a posição da USP de ficar fora do Enade?
SONIA PENIN -
A universidade ficou fora contra o voto da minha faculdade. Eu sou a favor de que a universidade entre no Enade.
As universidades paulistas são avaliadas pelo Conselho Estadual da Educação, na forma de autoavaliação. Mas o Enade avalia os estudantes, coisa que São Paulo não faz. E pode-se comparar o rendimento dos estudantes do país todo. É positivo para a USP e para o sistema. Concordo com as considerações colocadas no COG [conselho de graduação, que decidiu manter a USP fora da prova].
São pontos problemáticos e precisam ser resolvidos, mas isso pode ser feito já dentro da avaliação, junto ao Inep [instituto que aplica a avaliação]. A não-participação da USP e Unicamp dá uma modificação muito grande nos resultados nacionais. Se estivessem, poderiam servir de referência de qualidade para outros cursos.
A questão é polêmica, mesmo na minha faculdade. Precisamos encontrar um consenso.

FOLHA - A USP tem receio de se comparar com outras instituições?
PENIN -
Não creio. É justamente a universidade que não teria medo, porque sabemos que grande parte dos cursos são de boa qualidade.

FOLHA - O que a USP perde ao ficar fora das avaliações?
PENIN -
Perde a referência do nível dos cursos. É um indicador importante.


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