São Paulo, segunda-feira, 05 de setembro de 2011

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Nova Luz espalhará rato, pombo e morcego

De acordo com estudo de impacto ambiental, obras dispersarão bichos num raio de até 3 km no centro paulistano

Prevista para ter início em 2012, reforma da região vai precisar de controle químico a fim de minimizar danos

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

Ratazanas, camundongos, pombos e morcegos devem se espalhar pelo centro paulistano com as obras de revitalização da cracolândia.
A debandada é um dos 23 prováveis reflexos negativos apontados no estudo de impacto ambiental do projeto Nova Luz, da prefeitura.
Pombos e morcegos podem ir longe, mas mesmo ratos podem se deslocar por 3 km, o que os levaria à avenida Paulista e a bairros como Higienópolis e Pacaembu.
A dispersão seria provocada por demolições e escavações, que destruirão habitats como porões, sótãos, forros e galerias. As obras devem começar no ano que vem.
O que mais preocupa, pelo número e pela nocividade, são os ratos. Embora haja estimativas de que eles sejam milhões na cidade, não existe levantamento científico.
O parâmetro mais confiável é o Índice de Infestação Predial por Roedores, feito pela prefeitura em 2009, que apontou que em média 23% dos imóveis têm roedores.
Há três tipos na Luz, todos originários da Ásia, de onde vieram de navios ainda na aurora do país, no século 16.
Para amenizar o impacto, o estudo sugere controle químico antes de demolições e escavações. O alcance da dispersão depende de dois fatores. Um é o tamanho da interferência, já que eles preferem deslocamentos curtos.
A perturbação do sossego, porém, promete ser grande: fora as escavações, serão demolidos 546 imóveis, com área construída de 284 mil m˛, o equivalente a três estádios como o do Morumbi.
O outro fator é encontrar o novo habitat. Segundo o biólogo João Justi Júnior, do Laboratório de Pragas Urbanas do Instituto Biológico, são "quatro as". "Acesso, abrigo, alimentação e água", afirma.
Para ele, a preocupação deveria ser com o controle da população desses animais. "E, pelo tanto de reclamação que a gente recebe, deve ter aumentado bastante", diz.
Candidato a "pior amigo do homem" desde a Idade Média -transmite cerca de 30 doenças-, o rato é um animal bem paulistano: estima-se que está na cidade desde a sua fundação, em 1554.
Mas na Luz ele não é o único animal sinantrópico (que se adaptou a viver junto ao homem, mesmo sem a vontade deste). O estudo detectou escorpiões, baratas, aranhas, formigas, mosquitos e abelhas -a dispersão desses, no entanto, não preocupa.


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