São Paulo, segunda-feira, 05 de setembro de 2011

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ANÁLISE

Números mostram que controle da doença patina

É INESCAPÁVEL O DIAGNÓSTICO DE QUE É PRECISO REFORÇAR COM URGÊNCIA SISTEMAS DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA

A reemergência da dengue é um problema em praticamente todos os países tropicais do planeta.
Acrescido ao longo dos últimos 30 anos.
Até que surja uma vacina capaz de oferecer proteção simultânea contra todos os quatro sorotipos do vírus, só o que se pode fazer é tentar controlar os focos de infestação do vetor da moléstia -mosquitos do gênero Aedes- e tratar os doentes.
É no último quesito que o Brasil e o Estado de São Paulo em particular vêm se saindo mal. Na esmagadora maioria dos casos, a moléstia é autolimitada (seus sintomas acabam desaparecendo sozinhos), mas, numa fração deles (algo em torno de 0,2%), evolui para quadros graves, que demandam cuidados intensivos e podem ser fatais.
No ano passado, 3,77% dos brasileiros que desenvolveram a forma grave da dengue morreram, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Neste ano, até o final do mês de junho, essa taxa já estava em 3,83%. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), quando o tratamento é adequado, é possível obter índices inferiores a 1%.
No Estado de São Paulo, a situação parece ainda pior. A letalidade registrada em 2010 foi de 4,79%. Já a de 2011 (considerados os casos graves investigados até o final de junho) pulou para em incríveis 9,15%.
Questionada pela Folha, a Secretaria de Estado da Saúde atribuiu o aumento da taxa a uma "busca mais ativa" pelos casos de dengue.
Como saltos de quase 100% são incomuns nesse tipo de indicador, mudanças de procedimento na coleta de informações devem mesmo explicar pelo menos alguma parte dessa variação.
Seja como for, é inescapável o diagnóstico de que é preciso reforçar com urgência sistemas de vigilância epidemiológica. A alta letalidade da dengue mostra que os serviços médicos não estão prontos para reconhecer e tratar rapidamente viroses graves.


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