São Paulo, Terça-feira, 05 de Outubro de 1999
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VIOLÊNCIA
Pediatra é morta ao reagir a tentativa de assalto em estacionamento de posto de saúde na zona leste
Fugitivo da Febem é suspeito de matar médica em frente a hospital em SP

ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

A médica pediatra Lucy Mayumi Udakiri, 39, foi morta ontem de manhã por dois assaltantes -que aparentavam ser menores- após parar o seu carro no estacionamento do posto de saúde da prefeitura onde trabalhava, em Itaquera (zona leste de SP).
A polícia suspeita que o crime tenha tido a participação de um adolescente fugitivo da Febem conhecido como Baianinho e temido na Cohab José Bonifácio, onde se localiza o posto municipal onde ocorreu o crime. Testemunhas dizem que a médica morreu porque reagiu ao assalto.
Às 6h45, Lucy estacionou seu Gol azul a 20 metros da porta principal do posto de saúde. Nesse momento, segundo a médica-chefe do posto, Marisa Palma, havia cerca de 30 pessoas aguardando em fila o início do atendimento, que ocorre diariamente às 7h.
Testemunhas contaram que, depois que a médica desligou o motor, um jovem saiu da fila e outro de perto do portão da unidade e se aproximaram da pediatra, ainda no interior do carro.
"Um deles tomou a chave do carro da médica e ainda mandou que ela entregasse a bolsa, o que ela se negou a fazer. O ladrão puxava e a médica segurava a bolsa. Depois só ouvi dois disparos", contou o vigilante desempregado Fernandes Benettão. Os tiros acertaram o tórax da vítima.
Benettão afirmou que, após levar os tiros, Lucy saiu do carro e engatinhou por 2 metros em direção à porta do posto de saúde. Sem força, a pediatra parou de se arrastar, bateu a cabeça no chão e foi levada a um hospital próximo, onde chegou morta.
De acordo com testemunhas, os assaltantes fugiram a pé. Eles não levaram nada de valor da vítima.
O delegado Pietroantonio Araújo, titular do SIG (Setor de Investigações Gerais) da Seccional de Itaquera, disse que Fernandes Benettão viu "semelhança" entre um dos adolescentes que abordou a médica e Baianinho. "Não podemos afirmar que foi o Baianinho que participou desse crime." Segundo o delegado, o reconhecimento fotográfico de Baianinho seria de 50%. Esse jovem é suspeito de cerca de dez homicídios na região.
Benettão disse à Folha que existem "algumas semelhanças nos traços" do ladrão e do jovem suspeito que lhe foi mostrado por meio de foto, na delegacia.
Para a chefe da unidade de saúde, os assassinos de Lucy não aparentavam estar preocupados em ser reconhecidos. "Um deles chegou até a conversar com uma senhora que estava na fila. Realmente, esses criminosos não têm mais medo de nada. São Paulo está doente."
O administrador de empresas Sérgio Udakiri, irmão de Lucy, disse que ela trabalhava como pediatra havia 13 anos. No posto municipal, estava havia nove anos. À tarde, Lucy trabalhava em um posto do Estado. Ela não era casada e morava com uma irmã.


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