São Paulo, Terça-feira, 05 de Outubro de 1999
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VIOLÊNCIA
Vizinha foi presa em flagrante acusada de atear fogo em barraco; 6 das vítimas tinham menos de 5 anos
Incêndio mata 8 da mesma família no PR

JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Nova América da Colina

Um incêndio na madrugada de anteontem em Nova América da Colina (norte do PR) provocou a morte de oito pessoas, todas da mesma família.
Seis das vítimas eram crianças com menos de 5 anos de idade. A polícia afirma que o incêndio foi criminoso.
A bóia-fria Terezinha Martins, 40, foi presa em flagrante acusada de ter ateado fogo no barraco onde estavam as vítimas. Ela negou a autoria do crime.
Presa desde domingo em Assaí (norte do PR), Terezinha Martins admitiu, no entanto, que no último dia 27 tentou atear fogo à casa. Terezinha havia brigado com uma das vítimas, Maria Aparecida da Silva, 20.
A tragédia só não foi maior porque três moradores da casa, um barraco no bairro Água da Mina, em Nova América da Colina (365 km de Curitiba), estavam fora de casa no momento do incêndio.
Morreram no local Maria Aparecida da Silva, 20, que estava grávida de três meses, seus filhos Erivaldo Luis da Silva, 5, Gislaine Marques da Silva, 3, e Willian Marques da Silva, 2, e seu sogro, Ancelmo Mendes da Silva, 47.
As outras três vítimas foram Gilmar da Silva Cardoso, 3, Luis Carlos Cardoso Júnior, 2, e o bebê Jorda da Silva Cardoso, de 2 meses de idade.
Josiana da Silva, 18, mãe de três dos mortos disse que no momento do incêndio, estava com a mãe, Maria de Fátima da Silva, 36, e o cunhado, Wilsom Mendes da Silva, 24, visitando parentes. "Quando chegamos, avisados por amigos, a casa já estava toda queimada", afirmou.
O delegado de Assaí, Maurílio Antônio Avelar, 47, disse ontem que já tem depoimentos que mostram "a autoria do crime de homicídio qualificado, apesar da negativa de Terezinha".
O adolescente Agnaldo Firmino da Silva, 13, afirmou que viu, às 22h30 do último sábado, Terezinha Martins com uma "lata de óleo queimado ao lado da casa que foi incendiada".
Silva disse que "não deu importância ao fato porque eles eram vizinhos". Segundo ele, quando viu o fogo, notou que Terezinha havia "se trancado em casa".
Terezinha Martins, que mora cerca de cem metros de distância da casa incendiada disse que se fechou em casa porque estava com medo. "Todo mundo sabia da minha briga com a Aparecida e podiam pensar que eu tinha botado fogo".
Ela e Maria Aparecida haviam brigado por uma lata de óleo de cozinha, no dia 27. "Ela (Maria Aparecida) disse que eu tinha roubado a lata."
No domingo pela manhã, a Polícia Civil encontrou no quintal da casa de Terezinha Martins um galão com restos de óleo diesel.
Segundo o delegado Avelar, Terezinha Martins foi levada para a delegacia de Assaí "para evitar alguma tentativa de vingança, pois muitos falavam em linchamento na cidade".


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