São Paulo, sábado, 05 de outubro de 2002

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URBANISMO

Após a eliminação das propagandas irregulares que cobriam os edifícios, prefeitura orientará comércio para restauração

Centro de SP redescobre prédios históricos

Caio Guatelli - 15.mai.2001/Folha Imagem Cristiana Castello Branco/Folha Imagem
À esq., rua Barão de Itapetininga, no centro de SP, antes das blitze que obrigaram comerciantes a retirar seus letreiros; à dir., a rua, hoje, sem as propagandas irregulares


SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A região da rua Barão de Itapetininga, centro de São Paulo, redescobriu a importância histórica e a feiúra atual de seus prédios, após as blitze contra propaganda irregular que obrigaram comerciantes a retirar seus letreiros, em 2001. Agora, a prefeitura que multou e os empresários que infringiam a lei se unem para recuperar o tempo perdido sob as placas.
Nos próximos 15 dias, comerciantes e proprietários de edifícios do chamado quadrilátero piloto (veja mapa) receberão cartas com explicações detalhadas de como reformar suas fachadas.
O projeto foi desenvolvido pela Empresa Municipal de Urbanização (Emurb) e pela Ação Local, programa da Associação Viva o Centro, e envolve ainda a Universidade Mackenzie e o Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
A parte do projeto que mais avançou até agora foi a de restauro das fachadas. Outros tópicos como gestão local, organização definitiva dos camelôs, que ainda causam problema, e segurança da região não foram fechados.
Mesmo a retirada das placas irregulares opôs comércio e prefeitura durante o ano passado. Na primeira blitz, em outubro, foram expedidas 102 multas a 67 estabelecimentos com letreiros contrários à lei somente na Barão de Itapetininga, que tem três quadras. A arrecadação foi de R$ 54,8 mil.
O quadrilátero tem 65 prédios e outros importantes não incluídos como a primeira sede do Masp. O restauro e a revitalização dos edifícios começam com pesquisa desenvolvida pelo Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) e pela Universidade Mackenzie.
Apesar de tombados, sabe-se pouco a respeito do passado dos edifícios, a não ser da sua importância arquitetônica. O quadrilátero viu nascer a arquitetura modernista, em prédios como o Esther e a Galeria Califórnia.
Segundo o professor de Técnicas Retrospectivas do Mackenzie, Marcos Carrilho, a idéia é montar um banco de dados. Feito com alunos da graduação e alguns pesquisadores, o trabalho ajudaria o DPH, que tem poucos técnicos, além de auxiliar os comerciantes na hora de executar o restauro.
Em prédios tombados, é preciso saber exatamente o que é permitido fazer, e isso varia de um edifício para outro. "Queimaríamos muitas etapas", diz Carrilho.
O comunicado aos comerciantes orientará sobre como utilizar a isenção de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que inclui dez anos sem pagamento para prédios históricos restaurados.
O Sebrae-SP, que participa da iniciativa, entrará com a orientação sobre a importância do restauro como instrumento de marketing. Além disso, para os empresários que precisarem, a instituição indicará a utilização de linhas de crédito especiais.
"Na verdade, acho que poucos vão precisar do empréstimo", considera Dórli Martins, diretora do escritório Centro 2 do Sebrae-SP. "Primeiro, tem de haver uma sensibilização geral sobre o quanto o aspecto visual da loja define o consumo e o lucro", afirma.


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