São Paulo, sábado, 05 de outubro de 2002

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INTERIOR DE SP

Sequestrador liberou parentes da ex-mulher após polícia forjar pagamento de US$ 15 mil, em Presidente Epitácio

Pai e filha passam 22 horas como reféns

ALESSANDRA KORMANN
DA AGÊNCIA FOLHA

Uma veterinária e o pai dela foram mantidos como reféns por 22 horas e meia em uma clínica em Presidente Epitácio (SP). O sequestrador, ex-marido de uma parente da veterinária, exigiu a presença da ex-mulher e US$ 15 mil, dizendo ter se sentido prejudicado na separação.
Por volta das 18h de anteontem, Francisco Josione, 46, chegou à clínica de Tânia Minhare, 46, e pediu que ela o levasse até Bataguassu (MS). Tânia ligou para a polícia, mas, quando os policiais chegaram, Josione tomou Tânia e o pai dela, Giácomo Minhare, 73, como reféns. O sequestrador estava com um revólver e uma bomba caseira.
Giácomo ligou para a casa da outra filha e contou o que ocorria.
Pela janela, Josione conversou com o delegado Marcos Antônio Mantovani e exigiu US$ 15 mil, além da presença da ex-mulher, a advogada Maria Helena de Souza da Costa, prima da mãe de Tânia.
Segundo a polícia, ele não trabalha e era sustentado pela advogada. Nesta semana, perdeu um pedido de pagamento de pensão de R$ 1.500. Atualmente, ele seria sustentado por outra mulher.
Na época da separação, em 2001, a advogada registrou pelo menos quatro boletins de ocorrência por ameaça e danos. Segundo a polícia, Maria Helena teria fugido por causa das ameaças e não foi localizada.
Por volta das 2h, policiais do Gate (Grupo de Operações Táticas Especiais da PM) chegaram ao local e assumiram as negociações.
A polícia ofereceu comida, mas Tânia recusou. "Sabia que ele era comilão, quis pegá-lo pela boca."
Tânia ligou pelo menos quatro vezes para casa e disse que ela e o pai estavam sendo bem tratados. Por volta das 15h30, Tânia disse que Josione começou a ficar nervoso. Ele chegou a dizer que pretendia matar os reféns e que, se levassem sua ex-mulher, como exigia, iria matá-la. Só aceitou se entregar após a polícia forjar depósito de US$ 15 mil (convertidos em reais) no banco. Josione libertou Giácomo, Tânia e se entregou.
Josione foi preso em flagrante e deve responder por extorsão mediante sequestro, porte ilegal de arma e de artefato explosivo. A Agência Folha não conseguiu ouvir Josione nem seu advogado.


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