São Paulo, domingo, 05 de outubro de 2008

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SAÚDE / DIAGNÓSTICO

Tomografia é eficiente, mas não substitui colonoscopia


Estudo avaliou desempenho de diagnósticos de pólipos no cólon e no reto em 2.531 pessoas

Maioria dos pólipos grandes foi detectada pela tomografia; desempenho, porém, foi pior na procura pelos pequenos

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A tomografia computadorizada pode ser usada quase com a mesma eficiência que a colonoscopia tradicional para detectar pólipos grandes no intestino, mas ainda não tem a mesma precisão para os pequenos.
Essas são as principais conclusões de um estudo realizado pela clínica Mayo, do Arizona (EUA), e outros centros médicos publicado em setembro no "New England Journal of Medicine", uma revista médica de grande credibilidade mundial.
Para médicos ouvidos pela Folha, o estudo foi interessante para mostrar vantagens da nova técnica, mas também para alertar que ela não substitui totalmente a tradicional.
A colonoscopia virtual -como ficou conhecido o uso da tomografia computadorizada para mapear o cólon (intestino grosso)- foi mais uma das aplicações dadas nos últimos anos a esse exame radiológico na tendência de procedimentos cada vez menos invasivos. Contudo, sua eficácia ainda é muito discutida quando comparada à da colonoscopia tradicional, feita com um endoscópio.
A pesquisa americana mostrou que a tomografia é capaz de encontrar 90% dos pólipos com 10 mm ou mais de diâmetro em relação ao total detectado pela colonoscopia. Esses pólipos são os que têm mais chances de se tornar um tumor.
Quanto aos pólipos de 5 mm, menos perigosos, a tomografia identificou apenas 65%. Participaram do estudo 2.531 pessoas com 50 anos ou mais.
O especialista em cirurgia oncológica Ademar Lopes, do hospital A. C. Camargo, explica que esses pólipos são verrugas presas à parede do intestino. Para evitar que eles evoluam para um tumor, recomenda-se que a colonoscopia seja feita pelo menos uma vez a cada dez anos, a partir dos 50.
A imprecisão na detecção dos pólipos menores verificada na tomografia é um risco, segundo o médico. "Se a pessoa fizer uma tomografia a cada dez anos e não detectar um pólipo menor de 5 mm que esteja lá, até fazer o outro exame esse pólipo poderá se desenvolver."
Para ele, a tomografia é "uma opção a mais" de diagnóstico, mas não substitui totalmente a colonoscopia. Mesmo porque este procedimento tem diversas outras funções, como a retirada de material para biópsia ou do próprio pólipo.
"É uma opção para pacientes com alguma característica anatômica que não permita que o endoscópio passe por todo o intestino. Ou então para aqueles que não aceitam a colonoscopia em razão de seus inconvenientes. Mas o médico deve explicar as diferenças e o que cada exame pode fazer."
O câncer de cólon e reto está entre os quatro mais comuns. Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), a estimativa de novos casos em 2008 no país é de 12.490 para homens e 14.500 para mulheres.
Para Gustavo Mello, endoscopista do instituto, a colonoscopia virtual é um método que "veio para ficar", como ocorreu no caso de exames da via biliar com outra técnica radiológica, a ressonância magnética.
"Certamente a evolução da tecnologia vai melhorar a acurácia da colonoscopia virtual, mas no momento não está estabelecido o papel definitivo desse exame por tomografia computadorizada no seguimento do câncer colorretal."


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