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SAÚDE / DIAGNÓSTICO
Tomografia é eficiente, mas não substitui colonoscopia
Estudo avaliou desempenho de diagnósticos de pólipos no cólon e no reto em 2.531 pessoas
Maioria dos pólipos
grandes foi detectada pela tomografia; desempenho, porém, foi pior na procura pelos pequenos
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A tomografia computadorizada pode ser usada quase com
a mesma eficiência que a colonoscopia tradicional para detectar pólipos grandes no intestino, mas ainda não tem a mesma precisão para os pequenos.
Essas são as principais conclusões de um estudo realizado
pela clínica Mayo, do Arizona
(EUA), e outros centros médicos publicado em setembro no
"New England Journal of Medicine", uma revista médica de
grande credibilidade mundial.
Para médicos ouvidos pela
Folha, o estudo foi interessante para mostrar vantagens da
nova técnica, mas também para
alertar que ela não substitui totalmente a tradicional.
A colonoscopia virtual -como ficou conhecido o uso da tomografia computadorizada para mapear o cólon (intestino
grosso)- foi mais uma das aplicações dadas nos últimos anos
a esse exame radiológico na
tendência de procedimentos
cada vez menos invasivos. Contudo, sua eficácia ainda é muito
discutida quando comparada à
da colonoscopia tradicional,
feita com um endoscópio.
A pesquisa americana mostrou que a tomografia é capaz
de encontrar 90% dos pólipos
com 10 mm ou mais de diâmetro em relação ao total detectado pela colonoscopia. Esses pólipos são os que têm mais chances de se tornar um tumor.
Quanto aos pólipos de 5 mm,
menos perigosos, a tomografia
identificou apenas 65%. Participaram do estudo 2.531 pessoas com 50 anos ou mais.
O especialista em cirurgia
oncológica Ademar Lopes, do
hospital A. C. Camargo, explica
que esses pólipos são verrugas
presas à parede do intestino.
Para evitar que eles evoluam
para um tumor, recomenda-se
que a colonoscopia seja feita
pelo menos uma vez a cada dez
anos, a partir dos 50.
A imprecisão na detecção dos
pólipos menores verificada na
tomografia é um risco, segundo
o médico. "Se a pessoa fizer
uma tomografia a cada dez
anos e não detectar um pólipo
menor de 5 mm que esteja lá,
até fazer o outro exame esse
pólipo poderá se desenvolver."
Para ele, a tomografia é "uma
opção a mais" de diagnóstico,
mas não substitui totalmente a
colonoscopia. Mesmo porque
este procedimento tem diversas outras funções, como a retirada de material para biópsia
ou do próprio pólipo.
"É uma opção para pacientes
com alguma característica anatômica que não permita que o
endoscópio passe por todo o intestino. Ou então para aqueles
que não aceitam a colonoscopia
em razão de seus inconvenientes. Mas o médico deve explicar
as diferenças e o que cada exame pode fazer."
O câncer de cólon e reto está
entre os quatro mais comuns.
Segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), a estimativa
de novos casos em 2008 no país
é de 12.490 para homens e
14.500 para mulheres.
Para Gustavo Mello, endoscopista do instituto, a colonoscopia virtual é um método que
"veio para ficar", como ocorreu
no caso de exames da via biliar
com outra técnica radiológica,
a ressonância magnética.
"Certamente a evolução da
tecnologia vai melhorar a acurácia da colonoscopia virtual,
mas no momento não está estabelecido o papel definitivo desse exame por tomografia computadorizada no seguimento
do câncer colorretal."
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