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Plantão Médico
"Clínica de varejo" causa polêmica
JULIO ABRAMCZYK
COLUNISTA DA FOLHA
O Código de Ética Médica
no Brasil não admite consultórios médicos em locais de
venda de remédios, como as
farmácias, ou de outros produtos, como os encontrados
em supermercados.
Mas nos Estados Unidos
surgiu uma inovação perturbadora, relacionada aos doentes que não dispõem do seu
tradicional médico de família
ou não mantêm seguro-saúde.
São cerca de mil as chamadas
"retail medical clinics" (varejo
de consulta médica, em tradução livre), e a estimativa é que
essas clínicas passem para
6.000 nos próximos três anos.
O professor Ateev Mehrotra, junto a colaboradores da
faculdade de medicina de
Pittsburgh (EUA), em pesquisa patrocinada pela Rand Corporation, uma organização
sem fins lucrativos, observou
que 90% dos clientes dessas
clínicas as procuraram por situações pouco complicadas,
como problemas respiratórios, sinusite, dor de garganta
ou de ouvido, conjuntivite, infecção urinária ou para realização de exames de sangue e
para check-up.
O estudo, publicado na revista "Health Affairs" deste
mês, analisou 1,3 milhão de visitas a esse tipo de consultório
médico, entre 2000 e 2007. A
qualidade do atendimento
médico não foi analisada, mas
foi observado que os pacientes são pessoas que não usam
rotineiramente os serviços
governamentais de saúde ou
de convênios.
Para esses doentes, a conveniência oferecida por esses locais (não há controle médico
posterior) é mais importante
do que uma adequada relação
médico-paciente ou a continuidade do tratamento.
julio@uol.com.br
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