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Roubos crescem em bairros vizinhos da cracolândia
Em Santa Cecília, alta foi de 342% se comparados trimestres de julho a setembro de 2008 e 2009; em Higienópolis foi de 25%
Para moradores, ações desenvolvidas pela polícia na cracolândia levaram usuários de drogas a migrar para áreas próximas
AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL
TAI NALON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Três homens armados entram em uma casa lotérica do
bairro Santa Cecília, na região
central de São Paulo. Após alguns minutos tentando convencer as funcionárias, protegidas por um vidro à prova de balas, a darem o dinheiro do caixa,
eles mudam de tática. Usam
um cliente como refém e apontam a arma para sua cabeça.
A cena aconteceu em 30 de
setembro, na rua das Palmeiras. Foi um dos 31 roubos registrados nos últimos três meses
no bairro, segundo a polícia.
Vizinhos da cracolândia, os
bairros de Santa Cecília e Higienópolis tiveram um aumento em dois índices de criminalidade (furtos de veículos e roubos) e queda em um (furto), entre os meses de julho e setembro deste ano, na comparação
com o mesmo período de 2008.
No trimestre, foram 342%
mais roubos que no mesmo período de 2008 em Santa Cecília
(de 7 para 31) e 25% mais em
Higienópolis (de 8 para 10).
Os dados são do Infocrim,
sistema usado pelas polícias
para mapear crimes.
As mudanças nesses índices
de violência coincidem com o
período da ação Centro Legal,
com a qual a polícia e a prefeitura tentam reduzir os índices
de violência na região conhecida como cracolândia, na Luz.
Nesse trabalho, iniciado em
julho, 65 pessoas foram presas
e ao menos cem foram atendidas por órgãos assistenciais.
Até agora, apenas o índice de
roubos apresentou uma redução significativa na cracolândia
-caiu 35% (de 142 para 92).
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, do início da operação até 29 de setembro, foram realizadas 16.007 abordagens a usuários de drogas
-1.070 foram encaminhados
para unidades de saúde e 94
precisaram de internação.
Novo endereço
Em uma reunião do Conseg
(Conselho Comunitário de Segurança) da região, na última
quarta, era consenso entre os
moradores que a criminalidade
e o aumento do número de
mendigos em Santa Cecília e
Higienópolis foram fruto da
ação na cracolândia.
"Está muito claro que a cracolândia saiu de um lugar e se
mudou para outro", afirmou
um morador que não quis se
identificar.
Segundo Fuad Sallum, presidente do Conseg, com a migração, os pontos mais perigosos
do centro passaram a ser o largo do Arouche, a rua das Palmeiras, a praça Marechal Deodoro, a avenida Angélica e o entorno da faculdade Mackenzie
e do shopping Higienópolis.
Na reunião, o capitão Mário
Sérgio Delfini disse que a PM
tem notado um aumento de
moradores de rua nos bairros
vizinhos da cracolândia, mas
não de usuários de drogas.
Para o comandante da Polícia Militar na região central,
coronel Marcos Roberto Chaves, a migração dos moradores
de rua e viciados já era esperada. No entanto, segundo ele,
ainda não é possível atribuir o
aumento da criminalidade às
mudanças.
"Estamos avaliando se há alguma relação com a migração.
Se tiver, vamos atuar", disse.
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