São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2010

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Sem-teto invadem 4 edifícios no centro

Grupo de 2.000 integrantes, que negociava com a prefeitura, entrou ao mesmo tempo em prédios públicos e privados

Manifestantes pedem moradia; PM impediu circulação de pessoas e a entrada de comida e água nas construções

Danilo Verpa/Folhapress
Prédio na av. Ipiranga (centro de SP) ocupado por sem-teto desde a madrugada de ontem

RAPHAEL VELEDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Mais de 2.000 sem-teto invadiram ontem de madrugada quatro prédios vazios no centro de São Paulo. O grupo, que já negociava com a prefeitura antes do ato e mantinha as invasões até ontem à noite, exige a reforma e a entrega dos edifícios para a população de baixa renda.
Para enfraquecer o protesto, policiais militares impediram a circulação de pessoas e a entrada de comida e água.
Foram invadidos prédios públicos e privados nas avenidas São João, Ipiranga, Prestes Maia e na rua Álvaro de Carvalho. A ação ocorreu ao mesmo tempo nos quatro edifícios, logo após a 0h.
No prédio da avenida Ipiranga, houve um início de conflito entre policiais e manifestantes. Na confusão, a sem-teto Sebastiana de Oliveira Rodrigues, 67, acabou fraturando o braço.
"Estava escuro e eles jogaram aquelas bombas de gás. Foi o pânico. Eu não consegui me segurar e acabei caindo. Os policiais nem me levaram para o hospital", contou. O tenente-coronel Milton Tanada, da Polícia Militar, disse que fez todo o possível para evitar o confronto, mas que o uso de uma bomba foi necessário.

DESPEJADOS
Sebastiana faz parte de um grupo de 840 famílias despejadas de uma área no bairro de Alto Alegre, na zona leste, em dezembro passado.
"Desde então, recebemos um auxílio-aluguel de R$ 300 para cada família.
Mas não depositaram no mês passado e todo mundo foi para a rua de novo na última quinta-feira", contou Maria do Planalto, uma das coordenadoras do movimento.
Os manifestantes alegam que não foram procurados pela prefeitura para negociar, mas a Secretaria da Habitação informou, por meio de nota, que os representantes do movimento não apareceram em reunião marcada para as 13h de ontem.
"É importante dizer que os movimentos participam do Conselho Municipal de Habitação, instância adequada para qualquer tipo de reivindicação", informou a pasta.
Segundo a secretaria, um dos prédios invadidos integra a lista de 53 que serão reformados e entregues para moradia popular.
Um dos donos do edifício da Prestes Maia, o empresário Jorge Hamuche pede uma ação do poder público. "A pessoa que lidera essa associação deveria sofrer processo de perdas e danos".
O Grupo Camargo Corrêa, dono do prédio na av. Ipiranga, informou que seu setor jurídico ainda avalia o caso.


Colaboraram FÁBIO FREITAS e GUILHERME BRENDLER


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