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VIOLÊNCIA
Segundo investigação, a favela do Jacarezinho seria base de venda da droga, mais barata e mais nociva que a cocaína
PCC fornece crack para o Rio, diz polícia
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
A facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) está
fornecendo crack para traficantes
do CV (Comando Vermelho)
venderem em favelas do Rio de
Janeiro, de acordo com investigações da Cinpol (Coordenadoria
de Inteligência da Polícia Civil).
O esquema foi descoberto na semana passada, quando policiais
civis da Divisão de Capturas Norte da Polinter (Polícia Interestadual) prenderam, na favela do Jacarezinho (zona norte), o traficante Michel Levi dos Santos
Araújo, o Testa, 19.
De acordo com o registro policial, Testa foi pego com nove pedras de crack. Em depoimento,
ele disse que a droga veio de São
Paulo, enviada por traficantes do
PCC. Ele afirmou não saber quem
seriam os fornecedores.
O delegado Marcos Ducker, que
efetuou a prisão, afirmou que,
desde setembro, já autuou duas
pessoas que compraram a droga
no Jacarezinho.
O fornecimento, pelo PCC, de
crack a quadrilhas vinculadas ao
CV começou no ano passado, de
acordo com as investigações da
Cinpol.
A favela do Jacarezinho, onde o
tráfico de drogas é controlado pelo CV, serve de base para o esquema. A quadrilha da favela, liderada por André Anchieta Duarte, o
Menininho, recebe o crack de São
Paulo e distribui para outros redutos da facção.
Um mapeamento feito pela
Cinpol sobre o tráfico no Jacarezinho revela que a favela possui dois
pontos-de-venda exclusivos de
crack. O preço da droga varia, em
média, de R$ 5 a R$ 10.
Outras comunidades controladas pelo CV que também comercializam o crack são a Mangueira
(zona norte), a Rocinha (zona sul)
e o Pavão-Pavãozinho (zona sul).
Os policiais encarregados da investigação já identificaram pelo
menos um fornecedor do PCC,
cujo nome vem sendo mantido
em sigilo.
Apesar do esquema, os policiais
da Cinpol calculam que a venda
de crack no Rio seja muito reduzida porque os traficantes fluminenses não têm interesse em comercializar a droga.
O motivo é que o crack não tem
o mesmo valor de mercado do
que a cocaína e causa danos mais
rápidos à saúde dos usuários.
Criado na década de 1980 nas
Bahamas, o crack, que é um subproduto da cocaína, se disseminou em São Paulo nos anos 90.
O envio de crack para o Rio é
mais um indício da aliança entre
PCC e CV, unidos para conter a
ascensão das facções rivais TC
(Terceiro Comando) e ADA
(Amigo dos Amigos). Além de
tramarem ações em presídios, integrantes do PCC e CV negociam
armas e drogas.
Segundo a Cinpol, traficantes
como Luciano Barbosa da Silva, o
Lulu, chefe do tráfico na Rocinha,
e Isaías da Costa Rodrigues, o
Isaías do Borel, preso em Bangu 1,
mantêm contatos frequentes com
criminosos paulistas do PCC.
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