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São Paulo, quarta-feira, 05 de novembro de 2003

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SEGURANÇA SOB AMEAÇA

Governador disse que, apesar de atentados, não irá retroceder; secretário diz que já identificou autores da operação, mas ninguém está preso

Para Alckmin, reação "não vai ser a última"

DA REPORTAGEM LOCAL

Horas após a ocorrência de novos atentados contra a polícia de São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) admitiu que pode haver novas ações organizadas pela facção criminosa PCC em São Paulo. "Não é a primeira reação e, certamente, não vai ser a última", afirmou. Para o tucano, "quadrilha, tenha ela a sigla que tiver, sempre vai existir".
Como nas ofensivas criminosas anteriores, Alckmin atribuiu a onda de atentados a "uma reação desesperada dos bandidos" às medidas tomadas pela polícia e ao endurecimento do tratamento de criminosos nos presídios.
A resposta a essa "reação" também não é nova: "Não vamos retroceder um milímetro" -declaração semelhante à feita em outras ocasiões. "Não aceitaremos nenhum tipo de chantagem. Vamos buscá-los onde eles estiverem", afirmou.
Alckmin disse que foi procurado pelos ministros José Dirceu (Casa Civil) e Márcio Thomaz Bastos (Justiça), mas que no momento não vê necessidade de ajuda do governo federal.
O secretário Segurança Pública de São Paulo, Saulo Castro de Abreu Filho, que participava da entrevista com o governador, tem a mesma tese sobre a motivação dos criminosos. Um dos pré-candidatos tucanos à prefeitura paulistana, Abreu Filho qualificou os atentados de "último suspiro para tentar reverter essa situação [de pressão contra os criminosos]".
O secretário Abreu Filho disse que já identificou os executores dos atentados, mas não informou seus nomes nem quantos são. Até o final da tarde de ontem, ninguém havia sido preso.
O secretário procurou minimizar sua declaração anterior, de que o governo ouvira um "zunzunzum" sobre os atentados. Segundo ele, o volume de informações é muito grande e "não tinha uma notícia concreta". Para Abreu Filho, quando houve a primeira confirmação, a polícia agiu.
O tucano lembrou ainda que "não houve caso que restou impune" nos atentados anteriores.
Já o secretário de Assuntos Penitenciários, Nagashi Furukawa, defendeu um endurecimento ainda maior dos regimes disciplinares em prisões de segurança máxima, atualmente em discussão na Câmara dos Deputados. Ele citou dois pontos do projeto: a autorização de escutas em audiências dos presos com seus advogados e o aumento do isolamento de seis meses para até dois anos.

Pacto
O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), subiu ontem à tribuna para defender um ""pacto suprapartidário" para encontrar soluções para o combate ao crime e defendeu maior rigor no sistema prisional.
Citando os atentados, Mercadante afirmou ter sugerido ao governador Alckmin audiência com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para definir ações ""para responder a essa agressão".
""Essa escalada de violência, num Estado em que tivemos 1327 policiais militares assassinados ao longo dos últimos oito anos, não pode ficar impune. O governador terá todo meu apoio naquilo que for necessário", disse.
(PEDRO DIAS LEITE)


Colaborou a SUCURSAL DE BRASÍLIA


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