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SEGURANÇA SOB AMEAÇA
Comunidade deu tinta e mão-de-obra para cobrir as marcas de tiros que atingiram a base comunitária da PM no Parque Anhanguera
Atentados deixam policiais militares tensos
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
O sargento Parisi não consegue
disfarçar o choro ao se lembrar do
também sargento Fábio Soares,
morto no último domingo em
atentado contra a base comunitária da Polícia Militar no Parque
Anhanguera (zona norte de SP).
Parisi chegou uma hora após o
ataque. "Foi uma cena horrível",
diz, diante de paredes esburacadas pelos tiros -que um pintor
cobria com tinta azul.
A comunidade ofereceu tinta e
mão-de-obra para os reparos.
"Seria muito difícil ficar aqui com
aquelas marcas. Embora as outras
marcas continuem", diz.
Os filhos ligam de tempos em
tempos para saber se ele está bem.
O sargento os tranquiliza, embora
tema novos ataques.
Normalmente, dois PMs ficam
na base e outros dois atendem às
ocorrências em motocicletas. A
PM encaminhou mais um policial
ao local e disponibilizou uma carabina. Mas os policiais ainda sentem medo.
O sentimento é o mesmo em
outras bases atacadas. "Evito ficar
dentro do posto, que é mais vulnerável. Se os bandidos tivessem
chegado antes, poderia ter sido
eu", diz um soldado da base do
Tremembé (zona norte), que não
quis se identificar. Ele era colega
do cabo Pedro Cassiano Cunha,
44, que morreu após ataque anteontem. Na hora do crime havia
três policiais no local; ontem à tarde, nove.
A segurança também foi reforçada na base móvel da PM na
Consolação (centro), atingida no
domingo. De cinco policiais e três
veículos, a unidade passou para
cinco carros e nove policiais.
Além disso, os PMs afunilaram a
rua com cones para reduzir a velocidade dos carros.
A reportagem também visitou
ontem três bases da PM na zona
norte -no Imirim, na avenida
Brás Leme e na ponte das Bandeiras. Em todas, a revolta e o medo
dos PMs era evidente.
Na base do Imirim, onde existe
um tanque de combustível para
os carros do 9º Batalhão, havia
três PMs. Dois deles portavam
um revólver 38, cada um com
apenas cinco cápsulas. A situação
do terceiro policial era ainda pior:
não tinha arma nem colete à prova de balas. "Normalmente, aqui
fica só uma soldado feminina,
sem ninguém para apoiá-la. Imagina o que pode acontecer se esses
bandidos jogarem uma granada
nesse tanque [de combustível]?",
disse um policial militar.
O radiocomunicador da base
também está sendo evitado pelos
policiais, que só se comunicam
por telefone.
"Nosso serviço de inteligência
descobriu que os bandidos estão
escutando a nossa frequência."
Na Brás Leme, o único reforço
era uma escopeta calibre 12 com
sete tiros. Na base da ponte das
Bandeiras, totalmente construída
com vidro e que não tem telefone
funcionando, os dois PMs disseram que "se sentem como animais expostos em uma vitrine,
prontos para serem abatidos".
Até a conclusão desta edição, o
comando da PM não respondeu
às ligações para comentar a situação dos PMs nessas bases.
Colaborou o "Agora"
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