São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2004

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AGENDA DA TRANSIÇÃO

Equipe do tucano deve atender a reivindicação de empresas e autorizar circulação onde hoje há restrições

Serra deve liberar caminhão maior no centro

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A equipe do prefeito eleito José Serra se comprometeu, no programa de governo do tucano, a fazer mudanças no transporte de cargas em São Paulo que incluem a autorização para que caminhões maiores circulem em bairros centrais, onde hoje há restrições.
Trata-se de uma reivindicação das empresas transportadoras, que foi rejeitada por técnicos da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) na administração Marta Suplicy (PT) sob a alegação de que os veículos teriam mais dificuldades para estacionar e acabariam prejudicando a fluidez.
A proposta do PSDB fala na liberação de caminhões de entrega com 6,50 metros, batizados de VLC (Veículo Leve de Carga), que poderiam substituir os atuais, de 5,50 metros, conhecidos como VUC (Veículo Urbano de Carga).
A vantagem, na avaliação dos tucanos, é que os caminhões com um metro a mais poderiam transportar até três vezes mais carga -informação contestada por petistas-, reduzindo a quantidade de veículos de entrega das ruas e diminuindo congestionamentos.
A gestão Marta avalia que, mesmo hoje, nem toda a capacidade do caminhão é ocupada com mercadorias e, com os veículos maiores, haveria apenas maior ociosidade -e piora no trânsito.
Diz ainda que os atuais VUC foram concebidos para caber em uma vaga de estacionamento padrão e que os outros teriam dificuldade e parariam em fila dupla.
Não há consenso entre especialistas sobre qual medida é melhor para a fluidez do trânsito.
A restrição atual aos caminhões de entrega de 6,50 metros atinge as chamadas ZMRCs (Zonas de Máxima Restrição de Circulação), que incluem ruas do centro, Jardins e Pinheiros, entre outras. Em algumas, a proibição vai das 16h às 20h. Em outras, a partir das 8h.
"Eu não concederia nenhum tipo novo de facilidade ao setor de carga. Pelo contrário, só faria restrições", diz Jaime Waisman, professor da Universidade de São Paulo, contrário à medida e que defende a proibição de entrega ao comércio no período diurno.
O programa de Serra também defende a idéia de "concentrar" a atividade à noite, como já foi prometido por prefeitos anteriores, mas não fala em vetar de dia.
"Eu acho a proposta válida. É como dividir a carga em um número menor de caminhões", diz Luiz Celio Bottura, ex-presidente da Dersa.
Essa proposta de liberação do VLC foi defendida pelo Setcesp (Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo e Região) e entregue aos principais candidatos à prefeitura.
O presidente da entidade, Urubatan Helou, que tentou convencer a gestão Marta para a mudança desde 2001, diz que a proposta do PSDB tem "sensibilidade" e que, "do ponto de vista matemático, não há como dar errado". Admite, porém, que ele mesmo passou a ter dúvidas sobre os benefícios para a capital paulista por conta da resistência à idéia.
"Estamos falando há quatro anos e ninguém nos ouve. Até questiono se é bom ou não", afirma. "Eu confesso que a esta altura do campeonato eu não tenho convicção. Mas que pelo menos possa ser testado", disse ontem.
Segundo a prefeitura, a frota que transporta bens e serviços em São Paulo é de aproximadamente 200 mil caminhões, 500 mil utilitários e 300 mil motofretes, sendo que, diariamente, 75 mil têm destino no centro expandido.


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