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AGENDA DA TRANSIÇÃO
Equipe do tucano deve atender a reivindicação de empresas e autorizar circulação onde hoje há restrições
Serra deve liberar caminhão maior no centro
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A equipe do prefeito eleito José
Serra se comprometeu, no programa de governo do tucano, a fazer mudanças no transporte de
cargas em São Paulo que incluem
a autorização para que caminhões
maiores circulem em bairros centrais, onde hoje há restrições.
Trata-se de uma reivindicação
das empresas transportadoras,
que foi rejeitada por técnicos da
CET (Companhia de Engenharia
de Tráfego) na administração
Marta Suplicy (PT) sob a alegação
de que os veículos teriam mais dificuldades para estacionar e acabariam prejudicando a fluidez.
A proposta do PSDB fala na liberação de caminhões de entrega
com 6,50 metros, batizados de
VLC (Veículo Leve de Carga), que
poderiam substituir os atuais, de
5,50 metros, conhecidos como
VUC (Veículo Urbano de Carga).
A vantagem, na avaliação dos
tucanos, é que os caminhões com
um metro a mais poderiam transportar até três vezes mais carga
-informação contestada por petistas-, reduzindo a quantidade
de veículos de entrega das ruas e
diminuindo congestionamentos.
A gestão Marta avalia que, mesmo hoje, nem toda a capacidade
do caminhão é ocupada com
mercadorias e, com os veículos
maiores, haveria apenas maior
ociosidade -e piora no trânsito.
Diz ainda que os atuais VUC foram concebidos para caber em
uma vaga de estacionamento padrão e que os outros teriam dificuldade e parariam em fila dupla.
Não há consenso entre especialistas sobre qual medida é melhor
para a fluidez do trânsito.
A restrição atual aos caminhões
de entrega de 6,50 metros atinge
as chamadas ZMRCs (Zonas de
Máxima Restrição de Circulação),
que incluem ruas do centro, Jardins e Pinheiros, entre outras. Em
algumas, a proibição vai das 16h
às 20h. Em outras, a partir das 8h.
"Eu não concederia nenhum tipo novo de facilidade ao setor de
carga. Pelo contrário, só faria restrições", diz Jaime Waisman, professor da Universidade de São
Paulo, contrário à medida e que
defende a proibição de entrega ao
comércio no período diurno.
O programa de Serra também
defende a idéia de "concentrar" a
atividade à noite, como já foi prometido por prefeitos anteriores,
mas não fala em vetar de dia.
"Eu acho a proposta válida. É
como dividir a carga em um número menor de caminhões", diz
Luiz Celio Bottura, ex-presidente
da Dersa.
Essa proposta de liberação do
VLC foi defendida pelo Setcesp
(Sindicato das Empresas de
Transporte de Carga de São Paulo
e Região) e entregue aos principais candidatos à prefeitura.
O presidente da entidade, Urubatan Helou, que tentou convencer a gestão Marta para a mudança desde 2001, diz que a proposta
do PSDB tem "sensibilidade" e
que, "do ponto de vista matemático, não há como dar errado". Admite, porém, que ele mesmo passou a ter dúvidas sobre os benefícios para a capital paulista por
conta da resistência à idéia.
"Estamos falando há quatro
anos e ninguém nos ouve. Até
questiono se é bom ou não", afirma. "Eu confesso que a esta altura
do campeonato eu não tenho
convicção. Mas que pelo menos
possa ser testado", disse ontem.
Segundo a prefeitura, a frota
que transporta bens e serviços em
São Paulo é de aproximadamente
200 mil caminhões, 500 mil utilitários e 300 mil motofretes, sendo
que, diariamente, 75 mil têm destino no centro expandido.
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