São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2004

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MANHÃ DE CAOS

Tempestade depois de chegada de frente fria interditou o túnel do Anhangabaú; água chegou a quase meio metro

Chuva provoca congestionamento recorde

Robson Ventura/Folha Imagem
Asfalto destruído na avenida Nove de Julho pelo rompimento da galeria subterrânea de águas pluviais


AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

O dia amanheceu complicado para os moradores de São Paulo ontem. Uma chuva forte que começou às 5h30 levou ao maior congestionamento já registrado na cidade no período da manhã. Foram 191 km de lentidão às 9h30, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
Até então, o recorde no período matutino era de 163 km -índice registrado em novembro de 1996. A atual média para o horário, segundo a CET, é de 66 km.
O túnel do Anhangabaú, no centro, precisou ser interditado, e o asfalto da avenida Nove de Julho rompeu. Além desses problemas, houve 60 pontos de alagamento na capital, segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências). O órgão municipal decretou estado de atenção nas marginais, na zona leste e na área central -onde a chuva foi mais forte.
A média de precipitação no centro foi de 45 mm, enquanto a da cidade foi de 19,4 mm -um milímetro equivale a um litro de água por metro quadrado. A previsão é que os próximos dias também sejam chuvosos. Em novembro, a precipitação deve ser de 146 mm, de acordo com a média histórica.
No túnel do Anhangabaú, o nível da água chegou a quase meio metro. O local ficou fechado por mais de quatro horas (das 6h58 às 11h14). Segundo a prefeitura, as bombas funcionaram normalmente e a interdição foi feita por medida de segurança.
Além dos problemas no trânsito, houve queda de energia em três regiões da cidade, segundo a Eletropaulo: Belenzinho, Paraíso e Lapa. Nesta última, o problema durou quase a manhã inteira -das 7h40 às 11h30.
Na rua 25 de Março e na região do Mercado Municipal, no centro, a água da chuva invadiu lojas e fez estragos.
Na 25 de Março, os danos só não foram maiores porque os lojistas, devido à experiência com enchentes anteriores, instalaram tábuas revestidas com borracha na entrada das lojas.
Mesmo assim, numa loja de calçados, a pressão da água chegou a entortar uma porta de ferro. Os comerciantes tiveram de arrancar a porta para evitar que ela caísse. Igor Félix da Silva, 21, que vende legumes no mercado, lamentava o prejuízo. "A água me fez perder umas 15 caixas de mercadoria", disse. Alguns comerciantes responsabilizaram a prefeitura, acusando-a de não limpar os bueiros.
Segundo a Defesa Civil, uma árvore caiu no Butantã (zona oeste), mas não causou danos.

Madrugada quente
A forte precipitação na manhã de ontem foi atípica, pois, geralmente, as chuvas de verão costumam ocorrer na parte da tarde -quando as temperaturas ficam mais baixas e as gotículas que evaporaram devido ao calor do sol se condensam e caem.
Ontem, porém, a temperatura ainda estava muito elevada de madrugada, quando chegou uma frente fria vinda da região Sul. O encontro da frente fria com o ar quente e carregado de umidade sobre a cidade resultou na chuva, diz o meteorologista Luiz Alves dos Santos Neto, do Climatempo.
Até sábado, o tempo deve continuar nublado com pancadas esparsas de chuva. No domingo, uma nova frente fria deve chegar à cidade, trazendo mais chuvas e queda na temperatura.

Colaborou o "Agora"

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