São Paulo, sábado, 05 de novembro de 2005

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RIO

Sassá, apontado como líder da facção criminosa ADA, comandaria o tráfico em 17 favelas

Preso fornecedor de droga da Rocinha

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Sem encontrar resistência, a polícia do Rio prendeu ontem o traficante Edmílson Ferreira dos Santos, 34, o Sassá, apontado como o maior líder da facção criminosa ADA (Amigo dos Amigos) e acusado de comandar o comércio de drogas em pelo menos 17 favelas. Ele seria o principal fornecedor para as favelas dominadas pela ADA, em especial a Rocinha.
Sassá estava escondido em um buraco aberto no chão do depósito de um supermercado no complexo de favelas da Maré (zona norte). Segundo a polícia, ofereceu R$ 1 milhão para não ser preso. Traficantes ligados a ele são os principais responsáveis por tiroteios que costumam fechar as linhas Amarela e Vermelha, vias expressas que interligam vários pontos do Rio.
Em menos de uma semana, foi o segundo líder do tráfico no Rio a ser preso ou morto. Na madrugada do último sábado, o chefe do tráfico na favela da Rocinha (zona sul), Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-Te-Vi, morreu em um tiroteio com policiais civis. Sassá e Bem-Te-Vi eram aliados.
Ao ser preso, Sassá carregava duas pistolas, uma granada, cinco rojões e um lança-rojão, além de quatro bombas caseiras. Segundo a polícia, Sassá tinha contatos com "matutos" (atacadistas) de São Paulo e Mato Grosso do Sul.
A operação para prender o criminoso resultou de uma investigação da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Cargas (DRFC). Segundo o delegado Ricardo Hallak, Sassá estaria desviando cargas de empresas que circulam pelo complexo da Maré e passou a ser monitorado por meio de escutas telefônicas com autorização da Justiça.
Hallak afirmou que recebeu uma informação de que Sassá estava escondido e foi até lá verificar. No buraco havia televisão, geladeira e ar-condicionado. Sassá estava na companhia de um homem, que foi detido.
Segundo Hallak, não houve reação à prisão. Apenas oito policiais participaram da operação dentro da favela. O delegado afirmou que Sassá costumava ficar escondido no buraco de manhã até o início da noite. Depois, ia para outro esconderijo na mesma favela.
Com a prisão de Sassá, o novo líder da ADA, segundo policiais, será Ronaldo Ferreira do Nascimento, o Mocotó, que saiu recentemente da cadeia. Mocotó administrava os negócios de Paulo César Silva dos Santos, o Linho, que comandava a ADA. A polícia acha que Linho esteja morto.
Sassá tinha contra ele 11 mandados de prisão e sete prisões preventivas. No entanto, foi a primeira vez que foi preso.
O traficante pagava semanalmente R$ 500 a PMs para não ser preso, segundo escutas telefônicas. Ele contaria com um "exército" de 300 homens e 150 fuzis.


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