São Paulo, quinta-feira, 05 de novembro de 2009

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Mensalidade subirá de novo acima da inflação

Desde 2006, reajustes das mensalidades dos colégios particulares de SP superam a alta dos preços medida pelo IBGE

Neste ano, a inflação deve fechar em 4,3%, enquanto o aumento nas escolas deve ficar entre 4,5% e 6,5%; há casos de alta de até 17%

TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo quinto ano consecutivo, as escolas particulares de São Paulo deverão aumentar as mensalidades acima da inflação. Pelos cálculos do sindicato das escolas particulares de São Paulo, o reajuste das mensalidades no próximo ano ficará, em média, entre 4,5% e 6,5%.
Segundo o IPCA do IBGE, o acumulado da inflação em São Paulo até setembro deste ano foi de 3,38%. A previsão é que feche o ano em 4,3%.
Há casos, entretanto, em que o aumento será muito maior. Na Móbile, a mensalidade do 6º ano do fundamental passará de R$ 1.470 para R$ 1.720 -um reajuste de 17%. Esse será o maior aumento da escola, que no ensino médio aplicará um acréscimo de 9,83%.
"A gente fica tentado a saber onde vai parar essa diferença. Hoje, a escola pesa muito mais no meu orçamento do que antes", diz a arquiteta Gabriela Teixeira Nakagawa, 34, mãe de Pedro, 7, aluno da Móbile.
O aumento também será acima da inflação no Stockler (10%), no Albert Sabin (6%), no Arquidiocesano (11,70%), no Santa Maria (7,44%) e no Santo Américo (6%) -em todos, foram consideradas as variações do último ano do ensino médio. Muitas das escolas procuradas pela reportagem disseram que ainda não definiram o índice de aumento para 2010.
"O reajuste varia muito. Se a escola fez reforma, aumentou o salário de professores ou teve muita inadimplência, o aumento deve ser maior", afirma Benjamin Ribeiro da Silva, presidente do sindicato.
Para as instituições de defesa do consumidor, no entanto, todo aumento acima da inflação é "abusivo". E, segundo o Procon-SP, as escolas não podem repassar o prejuízo com a inadimplência para mensalidades. "E se a escola ganha na Justiça o valor devido, vai devolver aos pais?", diz a assistente de direção do órgão, Selma do Amaral.
Desde 2006, o aumento nas escolas particulares paulistas tem sido acima da inflação.
Em algumas escolas, onde o reajuste foi maior, o aumento foi impulsionado pela boa colocação delas no ranking do Enem -exame do governo federal para avaliar o desempenho das escolas e que acaba influenciando a escolha dos pais.
É o caso do Stockler. De 2006 (ano em que o Enem passou a divulgar o resultado por escola) a 2009, a mensalidade subiu 38,48% -se o reajuste tivesse seguido apenas a inflação, seria de 18,65%. A escola afirma que ampliou a grade curricular e reajustou o salário dos professores.
No Vértice (primeiro colocado no ranking da capital), o reajuste no mesmo período (2006 a 2009) ficou em 31%.
"Estamos sempre em reforma porque a clientela está ficando cada vez mais exigente. A família tem que avaliar se o custo compensa o trabalho que a escola faz", afirma Adílson Garcia, um dos diretores do Vértice, onde a mensalidade do 3º ano do ensino médio chegou a R$ 2.500 neste ano. Para 2010, a escola ainda não definiu o reajuste, mas o diretor acredita que ficará em torno de 6%.


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