São Paulo, quinta-feira, 05 de dezembro de 2002

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SAÚDE

Organizado por entidades médicas, trabalho dirigido a profissionais da área reúne tratamentos avalizados por estudos

Manual dá diretrizes sobre 100 doenças

DA REPORTAGEM LOCAL

A AMB (Associação Médica Brasileira) e o CFM (Conselho Federal de Medicina) concluíram, após três anos de trabalho, um primeiro apanhado de diretrizes para o tratamento de cem diferentes tipos de doenças, procedimentos e questionamentos médicos.
O manual de recomendações para os profissionais da área também reúne informações sobre prevenção para algumas patologias. "Apostamos na melhora da qualidade da assistência médica", disse Eleuses de Paiva, presidente da AMB, durante o lançamento das diretrizes ontem, na sede da entidade, em São Paulo.
Algumas sociedades médicas têm consensos isolados sobre o tratamento de determinadas patologias. O compêndio de diretrizes, no entanto, é resultado do esforço de um grande número de entidades para orientar a assistência médica, algo que países da Europa já realizaram com resultados, como a diminuição de custos no sistema de saúde.
"Nosso objetivo não é reduzir custos, mas, sem dúvida, isso deve levar a uma otimização", diz Paiva. As recomendações serão encaminhadas ao Ministério da Saúde -que poderá adotá-las como norma na rede pública-, aos representantes do sistema suplementar de saúde (planos, seguros etc.) e a congressos médicos.
Segundo Paiva, todos os 285 mil médicos em atividade receberão as diretrizes, disponíveis nos sites da AMB (www.amb.org.br) e do conselho (www.cfm.org.br).
O manual de recomendações apresenta tratamentos e diagnósticos avaliados em estudos. O médico recebe informações sobre a qualidade das pesquisas que embasam as recomendações. Os estudos são classificados por letras, segundo seu grau de importância.
A partir desses dados, o médico tem condições de saber qual é o melhor exame para o diagnóstico de um câncer, por exemplo. Paiva exemplifica: na diretriz sobre problemas do joelho, o manual deixa claro, com base nas evidências científicas, que a ressonância magnética é a melhor maneira de visualizar essa região. "Não adianta raio X e tomografia."
De acordo com Wanderley Marques Bernardo, da equipe de coordenadores do "Projeto Diretrizes", 50 sociedades médicas indicaram os melhores especialistas por assunto, que, por sua vez, selecionaram estudos sobre o tema.
"Não é receita de bolo. As diretrizes contemplam todos os métodos e dão informações sobre vantagens e desvantagens", afirma Fábio Jatene, outro dos coordenadores do projeto. Ele estima que as diretrizes deverão estar implementadas em cerca de um ano.
A AMB calcula que a elaboração das cem primeiras recomendações teve um custo de cerca de US$ 1 milhão, contabilizadas as despesas com transportes para as reuniões de profissionais, por exemplo. Mas todos os 800 médicos que colaboraram, ligados às 50 sociedades de especialidades, trabalharam voluntariamente.
Segundo Paiva, as recomendações serão também encaminhadas a entidades de defesa do consumidor e de representação de usuários, para que elas tenham mais informações para suas reivindicações.
Segundo Bernardo, da coordenação do trabalho, as diretrizes, apesar de não serem adaptadas para leigos, podem enriquecer a relação médico-paciente. O doente tem condições de compreender, por exemplo, quais são os tipos de exames e procedimentos aplicados para sua enfermidade. "Estamos abrindo portas do conhecimento médico."


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