|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Organizado por entidades médicas, trabalho dirigido a profissionais da área reúne tratamentos avalizados por estudos
Manual dá diretrizes sobre 100 doenças
DA REPORTAGEM LOCAL
A AMB (Associação Médica
Brasileira) e o CFM (Conselho Federal de Medicina) concluíram,
após três anos de trabalho, um
primeiro apanhado de diretrizes
para o tratamento de cem diferentes tipos de doenças, procedimentos e questionamentos médicos.
O manual de recomendações
para os profissionais da área também reúne informações sobre
prevenção para algumas patologias. "Apostamos na melhora da
qualidade da assistência médica",
disse Eleuses de Paiva, presidente
da AMB, durante o lançamento
das diretrizes ontem, na sede da
entidade, em São Paulo.
Algumas sociedades médicas
têm consensos isolados sobre o
tratamento de determinadas patologias. O compêndio de diretrizes, no entanto, é resultado do esforço de um grande número de
entidades para orientar a assistência médica, algo que países da Europa já realizaram com resultados, como a diminuição de custos
no sistema de saúde.
"Nosso objetivo não é reduzir
custos, mas, sem dúvida, isso deve
levar a uma otimização", diz Paiva. As recomendações serão encaminhadas ao Ministério da Saúde
-que poderá adotá-las como
norma na rede pública-, aos representantes do sistema suplementar de saúde (planos, seguros
etc.) e a congressos médicos.
Segundo Paiva, todos os 285 mil
médicos em atividade receberão
as diretrizes, disponíveis nos sites
da AMB (www.amb.org.br) e do
conselho (www.cfm.org.br).
O manual de recomendações
apresenta tratamentos e diagnósticos avaliados em estudos. O médico recebe informações sobre a
qualidade das pesquisas que embasam as recomendações. Os estudos são classificados por letras,
segundo seu grau de importância.
A partir desses dados, o médico
tem condições de saber qual é o
melhor exame para o diagnóstico
de um câncer, por exemplo. Paiva
exemplifica: na diretriz sobre problemas do joelho, o manual deixa
claro, com base nas evidências
científicas, que a ressonância
magnética é a melhor maneira de
visualizar essa região. "Não
adianta raio X e tomografia."
De acordo com Wanderley
Marques Bernardo, da equipe de
coordenadores do "Projeto Diretrizes", 50 sociedades médicas indicaram os melhores especialistas
por assunto, que, por sua vez, selecionaram estudos sobre o tema.
"Não é receita de bolo. As diretrizes contemplam todos os métodos e dão informações sobre
vantagens e desvantagens", afirma Fábio Jatene, outro dos coordenadores do projeto. Ele estima
que as diretrizes deverão estar implementadas em cerca de um ano.
A AMB calcula que a elaboração
das cem primeiras recomendações teve um custo de cerca de
US$ 1 milhão, contabilizadas as
despesas com transportes para as
reuniões de profissionais, por
exemplo. Mas todos os 800 médicos que colaboraram, ligados às
50 sociedades de especialidades,
trabalharam voluntariamente.
Segundo Paiva, as recomendações serão também encaminhadas a entidades de defesa do consumidor e de representação de
usuários, para que elas tenham
mais informações para suas reivindicações.
Segundo Bernardo, da coordenação do trabalho, as diretrizes,
apesar de não serem adaptadas
para leigos, podem enriquecer a
relação médico-paciente. O doente tem condições de compreender, por exemplo, quais são os tipos de exames e procedimentos
aplicados para sua enfermidade.
"Estamos abrindo portas do conhecimento médico."
Texto Anterior: Carandiru: Implosão deverá levar apenas 20 segundos Próximo Texto: Panorâmica - Transporte: Metroviários decidem não parar Índice
|