São Paulo, quinta-feira, 05 de dezembro de 2002

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FUVEST

Dados resultam de questionário socioeconomico

Estudante da rede pública prefere carreiras menos competitivas

ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Das dez carreiras mais procuradas na Fuvest por estudantes que fizeram pelo menos parte do ensino médio na rede pública, sete estavam, no vestibular passado, entre as dez de menor nota de corte. Portanto, era mais fácil ser aprovado nelas. Os dados constam do questionário socioeconômico divulgado ontem pela Fuvest.
Das três mais procuradas que não estavam entre as dez de menor nota, duas (ciência da informação e da documentação em Ribeirão Preto e licenciatura em química) foram criadas neste ano.
As carreiras com maiores proporções de candidatos que passaram pela rede pública foram: licenciatura em ciências exatas em São Carlos (82,5% dos inscritos na carreira), biblioteconomia (82,2%) e licenciatura em matemática e física (80,5%). Do total de inscritos, 44,7% fizeram pelo menos parte do ensino médio em escolas públicas.
Segundo o professor de sociologia da educação da USP, Celso de Rui Beisiegel, as carreiras com menor nota de corte atraem mais os alunos da rede pública porque eles se sentem menos preparados para carreiras mais disputadas, como medicina e direito.
Ao mesmo tempo, as carreiras teriam menor nota de corte justamente por atraírem mais os estudantes menos preparados. Eles ainda escolheriam essas carreiras por ser mais fácil conciliar os estudos com o trabalho.
Das dez carreiras, seis formam prioritariamente professores, duas são de formação de oficiais da Polícia Militar e duas estão relacionadas a biblioteconomia e documentação.
O fato de as notas de corte serem menores nessas carreiras não gera, segundo Beisiegel, um círculo vicioso em que os menos preparados vão para a docência. "A universidade precisa saber trabalhar com o aluno no nível em que ele entrou e fazer com que, quando sair, tenha boa formação."
Os estudantes da rede pública também são minoria entre os que não completaram o ensino médio e prestam vestibular só para treinar. Dos 17.677 treineiros, 92,2% vêm de escolas particulares.


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