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FUVEST
Dados resultam de questionário socioeconomico
Estudante da rede pública prefere carreiras menos competitivas
ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Das dez carreiras mais procuradas na Fuvest por estudantes que
fizeram pelo menos parte do ensino médio na rede pública, sete estavam, no vestibular passado, entre as dez de menor nota de corte.
Portanto, era mais fácil ser aprovado nelas. Os dados constam do
questionário socioeconômico divulgado ontem pela Fuvest.
Das três mais procuradas que
não estavam entre as dez de menor nota, duas (ciência da informação e da documentação em Ribeirão Preto e licenciatura em
química) foram criadas neste ano.
As carreiras com maiores proporções de candidatos que passaram pela rede pública foram: licenciatura em ciências exatas em
São Carlos (82,5% dos inscritos
na carreira), biblioteconomia
(82,2%) e licenciatura em matemática e física (80,5%). Do total
de inscritos, 44,7% fizeram pelo
menos parte do ensino médio em
escolas públicas.
Segundo o professor de sociologia da educação da USP, Celso de
Rui Beisiegel, as carreiras com
menor nota de corte atraem mais
os alunos da rede pública porque
eles se sentem menos preparados
para carreiras mais disputadas,
como medicina e direito.
Ao mesmo tempo, as carreiras
teriam menor nota de corte justamente por atraírem mais os estudantes menos preparados. Eles
ainda escolheriam essas carreiras
por ser mais fácil conciliar os estudos com o trabalho.
Das dez carreiras, seis formam
prioritariamente professores,
duas são de formação de oficiais
da Polícia Militar e duas estão relacionadas a biblioteconomia e
documentação.
O fato de as notas de corte serem menores nessas carreiras não
gera, segundo Beisiegel, um círculo vicioso em que os menos preparados vão para a docência. "A
universidade precisa saber trabalhar com o aluno no nível em que
ele entrou e fazer com que, quando sair, tenha boa formação."
Os estudantes da rede pública
também são minoria entre os que
não completaram o ensino médio
e prestam vestibular só para treinar. Dos 17.677 treineiros, 92,2%
vêm de escolas particulares.
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