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São Paulo, sexta-feira, 05 de dezembro de 2003

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MISTÉRIO NO RIO

Uma machadinha que decorava o banheiro pode ter sido usada no ataque ao casal Staheli, no domingo

Perícia acha digitais e tem pista da arma

Michel Filho/Agência O Globo
O corpo de Michelle Staheli é removido do hospital onde ela permaneceu em estado gravíssimo após o ataque sofrido no domingo


FABIANA CIMIERI
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

A perícia realizada pela Polícia Civil do Rio na casa de Zera Todd Staheli, 39, encontrou, no quarto do casal, impressões digitais que podem ser as do assassino do executivo da Shell e de sua mulher, Michelle Staheli, 36.
A perícia ainda não sabe quem deixou as impressões, mas, pela altura em que estavam, é possível concluir que não são das crianças de três e oito anos, filhas do casal. As digitais estavam perto da cama, segundo a Folha apurou.
A polícia acredita já ter identificado a arma do crime: uma machadinha que decorava o banheiro e sumiu. A arma faria par com uma outra, que foi apreendida pelos peritos e não apresentava vestígios de sangue.
Na madrugada de domingo, o casal foi atacado, enquanto dormia. Eles moravam havia três meses no país com os quatro filhos -três meninas, de 13, oito e três anos, e um menino de dez.
O chefe de Polícia Civil, delegado Álvaro Lins, disse que a polícia, até agora, trabalha com a hipótese de que o crime tenha sido cometido por uma única pessoa. Não está descartada a participação de parentes. "Não estamos acusando ninguém, mas não podemos descartar nenhuma possibilidade."
Michelle morreu ontem de manhã. A polícia quer saber se ela e o marido foram mortos pela mesma arma, o que confirmaria, segundo Lins, a hipótese de um único assassino.
Sobre o rosto ensanguentado do executivo havia um travesseiro, no qual não foram encontradas impressões digitais. As informações da perícia levam a crer que a mulher foi atacada primeiro, com uma pancada na frente do rosto.
O computador da filha mais velha foi apreendido, assim como seu diário. Segundo o delegado Marcus Henrique Alves, da 16ª DP (Barra da Tijuca), não há no diário nada relevante.
Outras pistas importantes podem estar em duas cartas apreendidas, uma da mãe para a filha mais velha -duas páginas escritas à mão- e outra de uma amiga de Londres para a adolescente.
Uma informação passada à polícia pelo serviço Disque-Denúncia afirma que todos os mórmons da Igreja Jesus Cristo dos Últimos Dias -à qual pertencia o casal Staheli- são orientados a escrever um diário detalhando todos os seus passos.
Lins disse que a polícia tomou conhecimento de um crime famoso cometido nos Estados Unidos em 1892. Lizzie Borden foi acusada de matar o pai e a madrasta a machadadas. Não foi condenada por falta de provas. As duas vítimas teriam sido dopadas. Borden tinha, à época, 32 anos.
A casa dos Borden, em Massachusetts, se transformou em ponto de visitação. Segundo Lins, a polícia vai considerar a informação recebida sobre o crime dos EUA, mas ainda não há nenhuma conexão com o caso Staheli.
"Por enquanto, não tem nenhum vínculo", afirmou Lins, acrescentando que, se nos pertences da família for encontrada alguma citação ao caso, "aí, sim, passa a ser um dado relevante".
Lins disse que a filha mais velha dos Staheli poderá ser questionada sobre isso em seu depoimento hoje na 4ª Vara do Tribunal do Júri do Rio. A juíza Maria Angélica Guedes interrogará a garota e o menino de dez anos e o casal americano que socorreu as crianças. O delegado só poderá fazer perguntas por intermédio da juíza.
O delegado disse que pretende fazer a reprodução do crime (reconstituição sem a participação dos autores) na semana que vem. Ele pedirá à Justiça para que as crianças participem.
À tarde, o secretário estadual de Segurança, Anthony Garotinho, reuniu o chefe de Polícia Civil, os delegados e os peritos que trabalham no caso. Após a reunião, o motorista da família, Sebastião Moura, foi ao IML para realizar novos exames. Até a conclusão desta edição, a secretaria não divulgara quais seriam os exames.


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