São Paulo, terça-feira, 05 de dezembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Contra danos, escola instala câmeras nos banheiros

Colégio municipal em São José dos Campos afirma que medida inibe vandalismo

Mães de alunas denunciaram prática à polícia, que fará laudo apontando se escola submete crianças a constrangimento ilegal

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Sob a justificativa de inibir o vandalismo e garantir a segurança dos alunos, uma escola municipal de São José dos Campos (91 km de São Paulo) instalou câmeras de vigilância nos banheiros dos estudantes.
Duas mães de alunos denunciaram o caso à polícia. Elas acusam a direção do colégio de submeter os alunos a constrangimento ilegal.
A Polícia Civil informou que técnicos vistoriaram o local. Um laudo deve apontar se as câmeras ferem o artigo 232 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que proíbe que crianças sejam submetidas a vexame ou constrangimento. A pena para esse crime é de seis meses a dois anos de detenção.
As câmeras foram instaladas nos banheiros masculino e feminino. Integram sistema de monitoramento que começou a funcionar em 27 de novembro na Escola Municipal de Ensino Fundamental Ana Berling Macedo. Estudam no local 1.500 alunos da primeira a oitava séries, além de jovens e adultos em programas de alfabetização.
A diretora da escola, Fátima Duarte, informou que a instalação do sistema ocorreu a pedido do conselho da escola, formado por 30 pessoas, entre alunos, pais e funcionários. Segundo ela, foi motivada pela ocorrência de pichações e depredações no colégio, inclusive no interior dos banheiros.
O investimento, de R$ 2.000, foi bancado pela associação de amigos da escola. Os monitores de acompanhamento das imagens ficam na sala da diretora. Ela negou que as câmeras estejam ferindo a privacidade dos estudantes.
"As câmeras focalizam a entrada dos banheiros e as áreas comuns. Não filmam as células [divisões onde ficam os vasos sanitários], por isso não estamos tirando a privacidade de ninguém. Temos a convicção de que a medida foi tomada para garantir a segurança dos próprios alunos", disse.

Constrangimento
Mãe de dois alunos da escola, a comerciante Heloísa Helena Paparele, 40, disse que procurou a polícia após a filha, que cursa a quinta série, chegar em casa reclamando de dor na bexiga por ter ficado cinco horas sem usar o banheiro, constrangida com a câmera.
"Alegar vandalismo não justifica a instalação das câmeras. Que se coloque um guarda na porta dos banheiros, mas não se pode invadir a privacidade dos alunos", disse ela.
A chefe da divisão de ensino fundamental da Secretaria de Educação de São José dos Campos, Glícia Figueira, disse que a prefeitura apóia a medida. "Somos a favor de tudo o que é feito em benefício dos alunos. A intenção dessas câmeras é protegê-los, evitar brigas, depredações e até mesmo o uso de drogas nos banheiros."


Texto Anterior: Presidente do PSDB-SP deve assumir Gestão
Próximo Texto: Transporte: Frentes de escavação da linha 4 do metrô de SP se encontram
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.