São Paulo, quarta-feira, 05 de dezembro de 2007

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Mulher e adolescente foram acorrentados

Eles foram presos a pilares, com outros 4 detentos, do lado de fora da delegacia, em SC, em razão da superlotação na cela

Segundo a delegada de Palhoça, pilares são usados há 2 anos e já estão "até gastos"; governo estadual determinou fim da prática

Hermínio Nunes/Agência RBS
Corrente que era usada para manter presos do lado de fora da delegacia; secretaria proibiu prática


MARIELLA LOPES
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA

Com a cela da cadeia superlotada, uma mulher e um adolescente de 17 anos foram acorrentados a pilares do lado de fora da delegacia de Palhoça (Grande Florianópolis) na madrugada de ontem. Foram mantidos lá -com outros quatro detentos também acorrentados- até a manhã de ontem.
Os casos não eram exceção no local -eram regra. Manter presos acorrentados foi, pelo menos até ontem, uma situação recorrente na delegacia, segundo a própria responsável pela unidade, a delegada Andréa Pacheco. Anteontem, dois presos fugiram após afrouxar as correntes e quebrar os cadeados. Recapturado, um deles recebeu uma corrente extra.
Pela manhã, após a repercussão do caso, o secretário da Segurança Pública Ronaldo Benedet determinou abertura de sindicância. "Está terminantemente proibido agir dessa forma. A autoridade que praticou o ato será responsabilizada."
A delegada disse não entender "por que a situação só repercutiu agora". "Não é de hoje essa superlotação. Os pilares estão até gastos, pois é uma prática que vem de dois anos. Ou eu amarro ou solto."
Segundo ela, sempre há solicitação de vagas em presídios, mas também não há espaço. Na delegacia, os presos preferem ficar do lado de fora da cela, diz, "porque é mais arejado".
Na tarde de ontem, dez presos foram removidos do local para o presídio masculino de Florianópolis, por ordem da secretaria. O local também está superlotado. No início da noite, já não havia acorrentados.
A mulher e o adolescente também não estavam mais na delegacia. Ela havia sido levada para o presídio feminino. O garoto, levado a uma sala da delegacia no final da manhã, está sendo acompanhado pelo Ministério Público e deverá ser internado provisoriamente.
A cela de 9 m2 da delegacia de Palhoça só comporta quatro presos. A média de detentos no local, no entanto, chega a 20.
Na madrugada de ontem, havia 22 pessoas no local -seis do lado de fora. Para ir ao banheiro, elas precisavam pedir permissão. No pátio, ficavam presas a correntes com cadeados, comprados em um rateio entre os funcionários da delegacia.
Antes, a superlotação era resolvida com um carro da Polícia Civil, onde os presos eram colocados. Depois que ele foi para o conserto -e não voltou-, surgiu o novo improviso.
Em Santa Catarina, são 12 mil presos, e só 8.000 vagas no sistema prisional. "Há licitação para a construção de um centro de triagem que pode resolver a situação da Grande Florianópolis. Mas nenhum prefeito quer se comprometer a ter um", afirmou o secretário.


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