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Mulher e adolescente foram acorrentados
Eles foram presos a pilares, com outros 4 detentos, do lado de fora da delegacia, em SC, em razão da superlotação na cela
Segundo a delegada de Palhoça, pilares são usados há 2 anos e já estão "até gastos"; governo estadual determinou fim da prática
Hermínio Nunes/Agência RBS
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Corrente que era usada para manter presos do lado de fora da delegacia; secretaria proibiu prática |
MARIELLA LOPES
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
Com a cela da cadeia superlotada, uma mulher e um adolescente de 17 anos foram acorrentados a pilares do lado de fora da delegacia de Palhoça
(Grande Florianópolis) na madrugada de ontem. Foram
mantidos lá -com outros quatro detentos também acorrentados- até a manhã de ontem.
Os casos não eram exceção
no local -eram regra. Manter
presos acorrentados foi, pelo
menos até ontem, uma situação
recorrente na delegacia, segundo a própria responsável pela
unidade, a delegada Andréa Pacheco. Anteontem, dois presos
fugiram após afrouxar as correntes e quebrar os cadeados.
Recapturado, um deles recebeu
uma corrente extra.
Pela manhã, após a repercussão do caso, o secretário da Segurança Pública Ronaldo Benedet determinou abertura de
sindicância. "Está terminantemente proibido agir dessa forma. A autoridade que praticou
o ato será responsabilizada."
A delegada disse não entender "por que a situação só repercutiu agora". "Não é de hoje
essa superlotação. Os pilares
estão até gastos, pois é uma
prática que vem de dois anos.
Ou eu amarro ou solto."
Segundo ela, sempre há solicitação de vagas em presídios,
mas também não há espaço. Na
delegacia, os presos preferem
ficar do lado de fora da cela, diz,
"porque é mais arejado".
Na tarde de ontem, dez presos foram removidos do local
para o presídio masculino de
Florianópolis, por ordem da secretaria. O local também está
superlotado. No início da noite,
já não havia acorrentados.
A mulher e o adolescente
também não estavam mais na
delegacia. Ela havia sido levada
para o presídio feminino. O garoto, levado a uma sala da delegacia no final da manhã, está
sendo acompanhado pelo Ministério Público e deverá ser internado provisoriamente.
A cela de 9 m2 da delegacia de
Palhoça só comporta quatro
presos. A média de detentos no
local, no entanto, chega a 20.
Na madrugada de ontem, havia 22 pessoas no local -seis do
lado de fora. Para ir ao banheiro, elas precisavam pedir permissão. No pátio, ficavam presas a correntes com cadeados,
comprados em um rateio entre
os funcionários da delegacia.
Antes, a superlotação era resolvida com um carro da Polícia Civil, onde os presos eram
colocados. Depois que ele foi
para o conserto -e não voltou-, surgiu o novo improviso.
Em Santa Catarina, são 12
mil presos, e só 8.000 vagas no
sistema prisional. "Há licitação
para a construção de um centro
de triagem que pode resolver a
situação da Grande Florianópolis. Mas nenhum prefeito
quer se comprometer a ter
um", afirmou o secretário.
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