São Paulo, quarta-feira, 05 de dezembro de 2007

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Vitória Marques, som de tiros na igreja

WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As canções sertanejas ecoavam na casa da rua Goes Monteiro sempre que Vitória Lúcia Marques não estava entre as flores de "sua" igreja ou torcendo pelo Botafogo. Para a família, ela sempre foi "música, flores e futebol."
E era carioquíssima a paraibana de Campina Grande, que aos 7 anos veio para o Rio com a mãe atrás do pai -que como porteiro daria à família "uma vida melhor".
"Era louca, louca, louca pelo Botafogo", diz a família, que a via sentar-se sozinha no sofá sempre que tinha jogo na televisão -só saindo de lá gritando pelo gol ou chorando pela derrota.
Sua outra paixão era divina. Vitória formou-se em contabilidade, mas não esquentou a cadeira no primeiro emprego. Diagnosticada como esquizofrênica pela perícia trabalhista, aposentou-se meses depois. Desde então, "sua vida era a igreja."
Na paróquia de Santa Teresinha do Túnel Novo, Vitória era feliz -dançando a quadrilha na festa junina e assumindo uma barraquinha de quitutes para arrecadar fundos para a igreja -ou dando aulas de catequese. Seria este sábado a formatura de mais uma turma.
Ela voltava da missa no domingo, de carona com o padre, quando o carro foi abordado por seis homens armados, a duas quadras de casa. Ferida na cabeça, morreu no hospital, aos 55 anos, no Rio.


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