|
Texto Anterior | Índice
Vitória Marques, som de tiros na igreja
WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As canções sertanejas
ecoavam na casa da rua Goes
Monteiro sempre que Vitória Lúcia Marques não estava
entre as flores de "sua" igreja
ou torcendo pelo Botafogo.
Para a família, ela sempre foi
"música, flores e futebol."
E era carioquíssima a paraibana de Campina Grande,
que aos 7 anos veio para o Rio
com a mãe atrás do pai -que
como porteiro daria à família
"uma vida melhor".
"Era louca, louca, louca pelo Botafogo", diz a família,
que a via sentar-se sozinha
no sofá sempre que tinha jogo na televisão -só saindo de
lá gritando pelo gol ou chorando pela derrota.
Sua outra paixão era divina. Vitória formou-se em
contabilidade, mas não esquentou a cadeira no primeiro emprego. Diagnosticada
como esquizofrênica pela
perícia trabalhista, aposentou-se meses depois. Desde
então, "sua vida era a igreja."
Na paróquia de Santa Teresinha do Túnel Novo, Vitória era feliz -dançando a
quadrilha na festa junina e
assumindo uma barraquinha
de quitutes para arrecadar
fundos para a igreja -ou
dando aulas de catequese.
Seria este sábado a formatura de mais uma turma.
Ela voltava da missa no domingo, de carona com o padre, quando o carro foi abordado por seis homens armados, a duas quadras de casa.
Ferida na cabeça, morreu no
hospital, aos 55 anos, no Rio.
Texto Anterior: Mortes Índice
|