São Paulo, sábado, 05 de dezembro de 2009

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CELESTE COSTA LEITE DE OLIVEIRA RAMOS (1914-2009)

Ela correu riscos por causa das vacinas

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Foram muitas as vezes em que Celeste Costa Leite de Oliveira Ramos foi recebida com hostilidade no trabalho. A situação era bem grave: chegavam a lhe atirar pedras.
Por isso, em várias de suas incursões pela cidade, precisou de proteção policial.
Paulista de São Simão, ela foi "vacineira", como brinca a filha Maria Isabel. Na década de 1930, formou-se educadora sanitária pela USP.
Aprovada em primeiro lugar para a vaga de agente epidemiológica na capital, num concurso público do Estado de SP, ficou incumbida de vacinar a população contra a varíola, a difteria e a crupe (inflamação que obstrui a laringe). Foi pioneira na área.
Muitos moradores, além de pouco informados, tinham medo da reação causada pelos remédios, o que explica as agressões sofridas. Celeste, como educadora, não esmorecia ante as dificuldades. Depois das vacinas, trabalhou em creche, orientando mães carentes. Aposentou-se pelo Estado.
Em casa, gostava de ouvir o barulho da enorme família, de quase 50 pessoas. Somando as vezes em que ficou grávida, ela passou cerca de 90 meses de sua vida em processo de gestação -teve dez filhos, 22 netos e 16 bisnetos.
Ia à missa todos os dias e deu aulas em cursos de noivos com o marido, médico.
Viúva desde o fim dos anos 70, morreu na terça, aos 95, de insuficiência respiratória.
A missa de sétimo dia será na segunda, às 19h30, na igreja N. Sra. do Carmo, em SP.

coluna.obituario@uol.com.br


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