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CELESTE COSTA LEITE DE OLIVEIRA RAMOS (1914-2009)
Ela correu riscos por causa das vacinas
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Foram muitas as vezes em
que Celeste Costa Leite de
Oliveira Ramos foi recebida
com hostilidade no trabalho.
A situação era bem grave:
chegavam a lhe atirar pedras.
Por isso, em várias de suas
incursões pela cidade, precisou de proteção policial.
Paulista de São Simão, ela
foi "vacineira", como brinca
a filha Maria Isabel. Na década de 1930, formou-se educadora sanitária pela USP.
Aprovada em primeiro lugar para a vaga de agente epidemiológica na capital, num
concurso público do Estado
de SP, ficou incumbida de vacinar a população contra a
varíola, a difteria e a crupe
(inflamação que obstrui a laringe). Foi pioneira na área.
Muitos moradores, além
de pouco informados, tinham medo da reação causada pelos remédios, o que explica as agressões sofridas.
Celeste, como educadora,
não esmorecia ante as dificuldades. Depois das vacinas,
trabalhou em creche, orientando mães carentes. Aposentou-se pelo Estado.
Em casa, gostava de ouvir o
barulho da enorme família,
de quase 50 pessoas. Somando as vezes em que ficou grávida, ela passou cerca de 90
meses de sua vida em processo de gestação -teve dez filhos, 22 netos e 16 bisnetos.
Ia à missa todos os dias e
deu aulas em cursos de noivos com o marido, médico.
Viúva desde o fim dos anos
70, morreu na terça, aos 95,
de insuficiência respiratória.
A missa de sétimo dia será na
segunda, às 19h30, na igreja
N. Sra. do Carmo, em SP.
coluna.obituario@uol.com.br
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