|
Próximo Texto | Índice
Em praia de bacana não falta água nem champanhe
Turistas chegam de helicóptero ao litoral norte e não enfrentam congestionamento
Freqüentadores usam protetor solar importado e cadeiras e guarda-sóis exclusivos e identificados dos condomínios fechados
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
ENVIADO ESPECIAL A SÃO SEBASTIÃO
De gorda, a praia da Baleia só
tem o nome. E a conta bancária
dos veranistas que têm casas
num dos trechos mais nobres
do litoral de São Paulo. Homens e mulheres sarados correm para lá e para cá de biquíni
ou sunga e tênis, moda trazida
da orla do Rio de Janeiro.
E é um sobe e desce de helicópteros que lembra o movimento das avenidas Faria Lima
e Berrini e, ao mesmo tempo,
contrasta com as 15 horas que
motoristas que saíam da capital
pelas estradas levavam para
descer às praias da região.
Na areia, as cadeiras de praia
(chaises longues, a bem da verdade, aquelas em que se pode
reclinar o corpo e estender as
pernas) e os guarda-sóis dão a
idéia da exclusividade da enseada. Nada de barraqueiros
disputando banhistas no grito.
Cada condomínio fechado tem
seu mobiliário particular e padronizado, a maioria identificado com a numeração das casas.
"Não adianta sair de casa sem
estrutura. É preciso levar os
Jardins à praia", diz a designer
Márcia Vasconcellos, relógio
Cartier no braço, óculos Christian Dior no rosto, maiô Lenny
de R$ 340, comprados no Shopping Iguatemi, e flûte de champanhe numa das mãos. Entre as
amigas, nenhuma usava protetor nacional "porque mancha a
pele". Só loções das francesas
La Roche-Posay e Vichy e a exclusivíssima farmácia Kiehl's,
de Nova York, "feito à mão e a
preferida de Demi Moore, Madonna e Calvin Klein".
"É um produto para o rosto
[ela mostra], outro para o corpo
e um terceiro para os lábios",
diz a empresária Cíntia Moraes, que troca de roupa duas
vezes por dia para ir à praia,
uma para produção para manhã, outra para depois do almoço. A casa, à beira-mar, custa
mais de R$ 1 milhão.
Nem tão longe dali, na praia
de Maresias, a preferida da moçada e dos surfistas, a trilha sonora traça o perfil dos freqüentadores. Ninguém gosta de
(nem ouve) samba. É lounge,
aquela música eletrônica um
pouco mais tranqüila.
A consultora empresarial
Camila Bortollo e a dentista
Graziella Roland, na praia
desde o dia 26, R$ 700 a diária
da casa alugada, dizem que
preferem Maresias pelo público e pela água limpa. Passaram o Réveillon no Sirena, a
balada hype, R$ 300 para mulheres, R$ 500 para homens.
"Comemos fora todo dia", diz
Bortollo, coquetel de frutas
vermelhas na mão.
Nenhuma das veranistas
enfrentou a falta d'água dos
últimos dias nem viu aquelas
águas-vivas que queimaram
para lá de 900 banhistas na
Praia Grande e vizinhança.
Mais limpo e mais bem preservado, o litoral norte não
tem tanto ambulante e "farofada", no dizer dos veranistas,
quanto o sul, como Guarujá e
Praia Grande, que, mais perto
da capital, recebem um fluxo
maior de turistas. "O preço
mais alto daqui e o acesso
mais difícil inibem", explica
Vasconcellos.
Próximo Texto: Diárias cobradas nas pousadas da região chegam a R$ 1.500 Índice
|