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Ponte desaba e deixa desaparecidos no RS
Pelo menos dez pessoas sumiram no rio Jacuí, em Agudo; moradores se agarraram a galhos para não serem levados pela correnteza
Moradores observavam e fotografavam a correnteza do rio, que estava 11 m acima do nível normal,
no momento do acidente
Lauro Alves/Agência RBS
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Ponte sobre o rio Jacuí, no interior do RS, que desabou devido às chuvas
DA AGÊNCIA FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM AGUDO (RS)
Os bombeiros buscam ao menos dez pessoas que caíram no
rio Jacuí, ontem, quando uma
ponte de uma rodovia em Agudo (250 km de Porto Alegre) foi
arrastada pela correnteza.
A Brigada Militar disse que
foram notificados oficialmente
cinco desaparecidos, mas que
na hora do acidente havia cerca
de 20 pessoas no local. Oito foram resgatadas e passam bem.
Um dos desaparecidos é o vice-prefeito de Agudo, Hilberto
Boeck (PMDB), que estava na
ponte quando ela foi levada.
No momento do desabamento, moradores da região se aglomeravam na ponte para observar e fotografar a cheia do rio,
provocada por chuvas que atingem a área desde domingo. O
nível do rio estava 11 m acima
do normal. Cerca de 100 dos 314
m da ponte, que liga o município a Restinga Seca, desabaram.
Ontem, havia 17 rodovias
gaúchas interditadas ou parcialmente bloqueadas devido
aos temporais, incluindo a BR-116, uma das principais ligações
com o resto do país, interditada
em Galópolis, na serra gaúcha.
A maioria dos sobreviventes
da queda da ponte se agarrou a
árvores e galhos para escapar da
correnteza. Cabos de eletricidade e fios também ajudaram as
vítimas. Quatro helicópteros e
barcos fizeram buscas por sobreviventes. Mergulhadores
também ajudaram no resgate.
Testemunhas relataram que
a ponte tremeu momentos antes do desabamento. O agricultor Silmar Wilhelm, 49, disse
que estava na ponte quando
houve um estrondo. "Só ouvi
um barulho, que nem pipoca
numa panela. Aí veio tudo abaixo." Ele conseguiu nadar até se
agarrar a galhos de árvores perto da margem. Esperou 30 minutos pelo resgate.
A mulher do agricultor, Ilone,
48, diz que viu o momento em
que o marido caiu no rio Jacuí.
"Foi muito desespero. Vimos os
corpos indo embora sem poder
fazer nada", contou.
Sem a ponte, a cidade, de 17
mil habitantes, está praticamente isolada. O município sofreu com inundações nos últimos dias e teve lavouras alagadas. Famílias da zona rural precisaram deixar suas casas.
A situação da cheia no rio deve piorar devido à abertura das
comportas de uma represa da
região, ocorrida ontem.
Motoristas que trafegam pela
estrada têm que optar por dois
desvios que aumentam o percurso em cerca de 100 km. A governadora Yeda Crusius
(PSDB) visitou o local do desabamento à tarde e disse que a
ponte, apesar de antiga, estava
com a manutenção em dia.
"É uma ponte forte, capaz de
resistir às águas caudalosas do
Jacuí. O que aconteceu foi uma
fatalidade", afirmou. A construção foi finalizada em 1963.
Questionado sobre as causas
do desabamento, o Departamento Autônomo de Estradas
de Rodagem disse que aguardará inspeções técnicas antes de
divulgar detalhes. O órgão negocia com o Exército a construção de uma ponte metálica.
(JEAN-PHILIP STRUCK , GUSTAVO HENNEMANN e CLARISSA PIPPI)
Colaborou FLÁVIO ILHA
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