São Paulo, quarta-feira, 06 de janeiro de 2010

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Ponte desaba e deixa desaparecidos no RS

Pelo menos dez pessoas sumiram no rio Jacuí, em Agudo; moradores se agarraram a galhos para não serem levados pela correnteza

Moradores observavam e fotografavam a correnteza do rio, que estava 11 m acima do nível normal, no momento do acidente

Lauro Alves/Agência RBS
Ponte sobre o rio Jacuí, no interior do RS, que desabou devido às chuvas

DA AGÊNCIA FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM AGUDO (RS)

Os bombeiros buscam ao menos dez pessoas que caíram no rio Jacuí, ontem, quando uma ponte de uma rodovia em Agudo (250 km de Porto Alegre) foi arrastada pela correnteza. A Brigada Militar disse que foram notificados oficialmente cinco desaparecidos, mas que na hora do acidente havia cerca de 20 pessoas no local. Oito foram resgatadas e passam bem. Um dos desaparecidos é o vice-prefeito de Agudo, Hilberto Boeck (PMDB), que estava na ponte quando ela foi levada.
No momento do desabamento, moradores da região se aglomeravam na ponte para observar e fotografar a cheia do rio, provocada por chuvas que atingem a área desde domingo. O nível do rio estava 11 m acima do normal. Cerca de 100 dos 314 m da ponte, que liga o município a Restinga Seca, desabaram. Ontem, havia 17 rodovias gaúchas interditadas ou parcialmente bloqueadas devido aos temporais, incluindo a BR-116, uma das principais ligações com o resto do país, interditada em Galópolis, na serra gaúcha.
A maioria dos sobreviventes da queda da ponte se agarrou a árvores e galhos para escapar da correnteza. Cabos de eletricidade e fios também ajudaram as vítimas. Quatro helicópteros e barcos fizeram buscas por sobreviventes. Mergulhadores também ajudaram no resgate.
Testemunhas relataram que a ponte tremeu momentos antes do desabamento. O agricultor Silmar Wilhelm, 49, disse que estava na ponte quando houve um estrondo. "Só ouvi um barulho, que nem pipoca numa panela. Aí veio tudo abaixo." Ele conseguiu nadar até se agarrar a galhos de árvores perto da margem. Esperou 30 minutos pelo resgate. A mulher do agricultor, Ilone, 48, diz que viu o momento em que o marido caiu no rio Jacuí.
"Foi muito desespero. Vimos os corpos indo embora sem poder fazer nada", contou. Sem a ponte, a cidade, de 17 mil habitantes, está praticamente isolada. O município sofreu com inundações nos últimos dias e teve lavouras alagadas. Famílias da zona rural precisaram deixar suas casas. A situação da cheia no rio deve piorar devido à abertura das comportas de uma represa da região, ocorrida ontem.
Motoristas que trafegam pela estrada têm que optar por dois desvios que aumentam o percurso em cerca de 100 km. A governadora Yeda Crusius (PSDB) visitou o local do desabamento à tarde e disse que a ponte, apesar de antiga, estava com a manutenção em dia.
"É uma ponte forte, capaz de resistir às águas caudalosas do Jacuí. O que aconteceu foi uma fatalidade", afirmou. A construção foi finalizada em 1963. Questionado sobre as causas do desabamento, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem disse que aguardará inspeções técnicas antes de divulgar detalhes. O órgão negocia com o Exército a construção de uma ponte metálica. (JEAN-PHILIP STRUCK , GUSTAVO HENNEMANN e CLARISSA PIPPI)


Colaborou FLÁVIO ILHA


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