São Paulo, terça-feira, 06 de fevereiro de 2007

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Juiz barra Fokker e Boeing em Congonhas

Medida entra em vigor a partir de quinta-feira e atinge Varig, TAM, Gol e Ocean Air; Anac informa que recorrerá da decisão

Proibição pode causar novo caos nos aeroportos de todo o país às vésperas do Carnaval; ponte aérea deve operar normalmente

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O juiz-substituto Ronald Carvalho Filho, da Justiça Federal de São Paulo, determinou ontem a suspensão de todos os vôos realizados por aeronaves modelo Fokker-100, Boeing-737/800 e Boeing-737/700 no aeroporto de Congonhas a partir da 0h de quinta. Notificada, a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) afirmou que recorrerá da decisão.
A proibição dos vôos pode causar novo caos nos aeroportos de todo o país às vésperas do Carnaval. Todas as companhias aéreas são afetadas em maior ou menor medida. Os vôos da ponte aérea, por outro lado, devem continuar operando normalmente, pois utilizam aviões de outros modelos.
Se a decisão do juiz for mantida, Varig, BRA e Gol reduzirão sensivelmente seu tráfego no principal aeroporto do país. A Ocean Air opera com Fokker-100. A TAM, líder do mercado brasileiro, poderia continuar somente com seus Airbus e não mais com os Fokker-100 de sua frota.
Segundo a diretora da Anac, Denise Abreu, os aeroportos de Guarulhos e Viracopos teriam capacidade para absorver apenas 30% do tráfego. "[Se o recurso não der certo] Vamos chamar todas as empresas e repassar as linhas para outros aeroportos. Certamente haverá muito transtorno." Denise também demonstrou preocupação em relação à Oaci (Organização da Aviação Civil Internacional), que neste ano fará uma auditoria no país. E que, em razão dos problemas ocorridos desde o acidente com o Boeing da Gol -que matou 154 pessoas- e as sucessivas crises nos aeroportos, poderá rebaixar o Brasil de categoria na classificação da entidade.
Quando Congonhas reduz a capacidade ou interrompe suas atividades, há um efeito dominó em todos os vôos do país. Todas as companhias usam o aeroporto como ponto de apoio, onde fazem escala quando levam passageiros do Sul para o Norte do país, por exemplo. A decisão do juiz federal foi dada em resposta a um pedido do Ministério Público Federal feito há duas semanas. Por entender que a segurança dos passageiros estava em risco, a Procuradoria pediu o fechamento da pista principal do aeroporto.
De março de 2006 a janeiro deste ano, quatro aviões derraparam. A Anac, Infraero (estatal que administra os aeroportos do país) e a Aeronáutica avaliam que há segurança suficiente para a operação de todas as aeronaves na pista principal de Congonhas -que deverá passar por reforma neste ano. A procuradora da República Fernanda Taubemblatt declarou ontem que não foi informada oficialmente da decisão. "Eu já fico feliz [com a decisão do juiz] porque retirando essas aeronaves diminui os riscos de derrapagem e acidentes", afirmou a procuradora.


Colaborou KLEBER TOMAZ , da Reportagem Local

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