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Ex-chefe da merenda migrou para empresa
Diretor na gestão Serra/Kassab requisitou licitação, acompanhou edital e foi trabalhar para a companhia vencedora
Promotoria investiga proximidade de servidores com a iniciativa privada; secretário afirma ver "indícios de conluio"
ALENCAR IZIDORO
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Como diretor da merenda escolar da Prefeitura de São Paulo, Sergio Ramos Jr. requisitou
formalmente a abertura de licitação para os serviços terceirizados, acompanhou contratos
e também a elaboração do edital para selecionar os fornecedores da comida aos alunos.
Em fevereiro de 2007, após
ocupar esse posto de confiança
por dois anos nas gestões José
Serra (PSDB) e Gilberto Kassab
(DEM), ele mudou de lado. Foi
contratado para trabalhar na
SP Alimentação, empresa que
se tornaria logo em seguida a
vencedora do principal lote do
pregão da merenda -que é alvo
de suspeita de cartel pelo Ministério Público Estadual.
A trajetória de Ramos Jr. é
um exemplo da proximidade
entre iniciativa privada e servidores que atuam no segmento
-e que é um dos focos de investigação da Promotoria devido a
eventual tráfico de influência.
O inquérito dos promotores
apura a existência de conluio
entre empresas no pregão feito
pela prefeitura em maio de
2007, além da suposta corrupção de agentes públicos e da má
qualidade da alimentação.
Ontem, a gestão Kassab afirmou que pelo menos cinco funcionários que na época do pregão atuavam na secretaria que
contratava a comida escolar -a
da Gestão- prestavam serviços
para a Aberc (associação que
reúne as principais empresas
da merenda terceirizada).
A investigação interna foi
aberta em outubro, após ofício
do Ministério Público Estadual
ao gabinete de Kassab informando sobre o inquérito.
Secretário de Negócios Jurídicos, Claudio Lembo disse que
há "indícios de conluio" entre
os funcionários, cujos nomes
são mantidos em sigilo, e as
empresas. "Eles tinham acesso
a informações privilegiadas."
Dos cinco funcionários, todos
com cargos de confiança na Secretaria da Gestão, três deixaram a prefeitura após a licitação, finalizada em 2007. Dois
continuam na prefeitura, mas
na Secretaria da Educação.
Segundo Lembo, ex-governador de São Paulo, ainda não é
possível punir esses funcionários porque a sindicância, que
está sendo conduzida por quatro procuradores, ainda não foi
concluída -isso deverá ocorrer
ainda no primeiro semestre.
A Folha identificou nos últimos dois anos, além de Sergio
Ramos Jr. (que assina despacho em 17 de julho de 2006 pedindo a concorrência para expansão da comida escolar terceirizada), outros três servidores da capital, um de Limeira e
outro de Cotia que trabalhavam com a merenda no setor
público, em cargos estratégicos, e se aproximaram das
prestadoras desses serviços.
Três ocupavam postos de
confiança do ex-secretário da
Gestão Januário Montone
-hoje titular da Saúde.
Embora não haja impedimento legal, a migração de servidores a empresas da mesma
área é alvo de questionamentos
pois mostra que a aproximação
entre as partes se iniciou quando o servidor ainda tinha poder
para tomar decisões favoráveis
à empresa.
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