São Paulo, sábado, 06 de fevereiro de 2010

Próximo Texto | Índice

Área sem luz já tinha problema com árvores

Blecautes ocorreram principalmente em bairros em que os moradores haviam denunciado a necessidade de podas

Eletropaulo atribui apagões à queda de árvores e galhos decorrente da "chuva atípica'; prefeitura diz que realiza podas constantes

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Funcionários da Eletropaulo retiram pedaços da árvore que caiu na rua Bento de Andrade, na zona sul; prefeitura tem relação de árvores sob ameaça desde o fim de 2009

MÁRCIO PINHO
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A chuva constante das últimas semanas tem provocado uma série de miniapagões em São Paulo. Ontem, moradores de 16 bairros, como Vila Madalena, Perdizes, Santana, Pinheiros e Itaquera, ficaram às escuras por mais de 24 horas devido à tempestade de quinta-feira. À noite, eram ao menos 11, entre eles Sumaré e Brooklin Novo.
A AES Eletropaulo atribui o problema à queda de árvores decorrente da "chuva atípica", que quase dobrou o número de ocorrências. Já foram 6.786 registros de queda de energia nestes cinco dias de fevereiro -que vão de uma só rua até todo um bairro. No mesmo período de 2009, foram 3.919.
Na chuva de quinta-feira, houve cem casos de interrupções por árvores ou galhos.
Os problemas ocorreram principalmente onde os moradores já haviam denunciado a necessidade de a prefeitura podar árvores. A Subprefeitura da Lapa, região que tinha o maior número de ruas sem luz à noite -oito-, é também a que recebeu mais pedidos de poda em 2009. Segundo a prefeitura, foram 3.149 solicitações.
A Secretaria de Coordenação de Subprefeituras diz que faz podas constantes e que há 700 funcionários designados para esse serviço. Dados da CET, porém, mostram que a cidade tem 141 árvores caídas que precisam ser retiradas -algumas já tombaram há cinco dias.
Pode contribuir para a demora o fato de a Eletropaulo precisar da presença de funcionários da subprefeitura ou bombeiros (que têm equipamentos apropriados para tirar as árvores). Em algumas situações, é preciso ajuda até da Defesa Civil.
Não há falta de sincronismo, dizem prefeitura e Eletropaulo. Segundo o diretor-executivo de operações da concessionária, Roberto Di Nardo, o trânsito e as inundações dificultam o acesso de equipes. Ontem, por exemplo, 45º seguido de chuva -ainda que fraca- a av. 23 de Maio ficou interditada por meia hora no sentido zona sul.
Ontem ainda, a Eletropaulo tinha 2.000 funcionários trabalhando para restabelecer a energia elétrica. Na quinta, dia da tempestade, eram 1.100.

Prejuízos
Os funcionários não conseguiram evitar que um quarteirão da rua Coriolano, na Lapa (zona oeste), ficasse sem energia por cerca de 26 horas. A queda de uma árvore sobre a fiação trouxe prejuízo aos sete estabelecimentos comerciais da quadra, que ficou fechada ontem para poda de uma árvore.
Sebastião Donizetti, 51, proprietário do restaurante Vila Romana, calcula ter tido prejuízo de R$ 10 mil com comida estragada e queda do movimento.
A loja de acessórios de carros Lion Sound deixou de receber novos trabalhos durante o apagão, disse o dono, Fernando Leão, 34. "Foram mais de 15 clientes dispensados." Ele estima um prejuízo de R$ 20 mil.
Na Pompeia (zona oeste), os moradores dizem que tem sido comum a falta de energia desde novembro. "Em janeiro [a falta] foi diária"", afirma Ricardo Agostinho, 41, dono de uma farmácia e morador. Ele diz que o pico de movimento é das 17h às 20h e que, com os apagões, perdeu 25% do faturamento.
O Museu do Ipiranga (zona sul), outra "vítima" da queda de árvores -30 no parque da Independência-, está fechado sem previsão para reabertura.


Próximo Texto: Na zona oeste, árvore tomba e impede advogada de sair de casa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.