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Área sem luz já tinha problema com árvores
Blecautes ocorreram principalmente em bairros em que os moradores haviam denunciado a necessidade de podas
Eletropaulo atribui apagões à queda de árvores e
galhos decorrente da "chuva atípica'; prefeitura diz que realiza podas constantes
Eduardo Knapp/Folha Imagem
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Funcionários da Eletropaulo retiram pedaços da árvore que caiu na rua Bento de Andrade, na zona sul; prefeitura tem relação de árvores sob ameaça desde o fim de 2009
MÁRCIO PINHO
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A chuva constante das últimas semanas tem provocado
uma série de miniapagões em
São Paulo. Ontem, moradores
de 16 bairros, como Vila Madalena, Perdizes, Santana, Pinheiros e Itaquera, ficaram às escuras por mais de 24 horas devido
à tempestade de quinta-feira. À
noite, eram ao menos 11, entre
eles Sumaré e Brooklin Novo.
A AES Eletropaulo atribui o
problema à queda de árvores
decorrente da "chuva atípica",
que quase dobrou o número de
ocorrências. Já foram 6.786 registros de queda de energia nestes cinco dias de fevereiro -que
vão de uma só rua até todo um
bairro. No mesmo período de
2009, foram 3.919.
Na chuva de quinta-feira,
houve cem casos de interrupções por árvores ou galhos.
Os problemas ocorreram
principalmente onde os moradores já haviam denunciado a
necessidade de a prefeitura podar árvores. A Subprefeitura da
Lapa, região que tinha o maior
número de ruas sem luz à noite
-oito-, é também a que recebeu mais pedidos de poda em
2009. Segundo a prefeitura, foram 3.149 solicitações.
A Secretaria de Coordenação
de Subprefeituras diz que faz
podas constantes e que há 700
funcionários designados para
esse serviço. Dados da CET, porém, mostram que a cidade tem
141 árvores caídas que precisam
ser retiradas -algumas já tombaram há cinco dias.
Pode contribuir para a demora o fato de a Eletropaulo precisar da presença de funcionários
da subprefeitura ou bombeiros
(que têm equipamentos apropriados para tirar as árvores).
Em algumas situações, é preciso ajuda até da Defesa Civil.
Não há falta de sincronismo,
dizem prefeitura e Eletropaulo.
Segundo o diretor-executivo de
operações da concessionária,
Roberto Di Nardo, o trânsito e
as inundações dificultam o
acesso de equipes. Ontem, por
exemplo, 45º seguido de chuva
-ainda que fraca- a av. 23 de
Maio ficou interditada por meia
hora no sentido zona sul.
Ontem ainda, a Eletropaulo
tinha 2.000 funcionários trabalhando para restabelecer a
energia elétrica. Na quinta, dia
da tempestade, eram 1.100.
Prejuízos
Os funcionários não conseguiram evitar que um quarteirão da rua Coriolano, na Lapa
(zona oeste), ficasse sem energia por cerca de 26 horas. A queda de uma árvore sobre a fiação
trouxe prejuízo aos sete estabelecimentos comerciais da quadra, que ficou fechada ontem
para poda de uma árvore.
Sebastião Donizetti, 51, proprietário do restaurante Vila
Romana, calcula ter tido prejuízo de R$ 10 mil com comida estragada e queda do movimento.
A loja de acessórios de carros
Lion Sound deixou de receber
novos trabalhos durante o apagão, disse o dono, Fernando
Leão, 34. "Foram mais de 15
clientes dispensados." Ele estima um prejuízo de R$ 20 mil.
Na Pompeia (zona oeste), os
moradores dizem que tem sido
comum a falta de energia desde
novembro. "Em janeiro [a falta]
foi diária"", afirma Ricardo
Agostinho, 41, dono de uma farmácia e morador. Ele diz que o
pico de movimento é das 17h às
20h e que, com os apagões, perdeu 25% do faturamento.
O Museu do Ipiranga (zona
sul), outra "vítima" da queda de
árvores -30 no parque da Independência-, está fechado
sem previsão para reabertura.
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