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ANÁLISE
Paulistano está afogado no escuro
MARIA INÊS DOLCI
COLUNISTA DA FOLHA
Em São Paulo, vivemos nos
últimos dois meses o pior dos
mundos. Sobra água da chuva e
falta energia elétrica.
Este subproduto do calor e
das chuvas, a falta de energia,
inferniza a vida de todos nós.
Mas não pode ser tratado como algo inevitável nem como
um fenômeno natural. No passado, faltar luz era corriqueiro.
Lamentavelmente, isso está se
tornando comum novamente.
Fica claro que o Brasil tem problemas seríssimos na área.
Com o calor, o consumo bate
recordes, e não há investimentos em oferta e distribuição
com qualidade. O que podem
fazer, então, os moradores de
cidades como SP, submetidos a
horas de blecaute por mês?
Em primeiro lugar, confira
sua conta de luz. Isso é importante porque há limites legais
para o tempo de interrupção de
serviços. Siglas como DIC, FIC
e DMIC mostram quantas horas , vezes e máximo de horas
contínuas sem energia.
Desde janeiro, as distribuidoras que excederem o limite
de duração e frequência dos
blecautes têm de ressarcir o
consumidor. Mais importante
que o desconto é a melhoria do
serviço; o consumidor não pode ficar sem energia, pois paga
por serviço essencial.
O problema é que os limites
para compensar falhas no fornecimento são desfavoráveis
ao consumidor. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) mais uma vez ficou do lado
das empresas, como no reajuste da energia -mais alto do que
deveria por anos-, sem compensar os consumidores.
Por exemplo, na minha conta
aparece que o limite permitido é
de 13 h mensais sem os serviços
e até 7 h contínuas. É um absurdo considerar isso aceitável.
Se uma pane elétrica danificar equipamento, o consumidor só não tem direito ao ressarcimento se a companhia
comprovar a ausência de problemas na rede, o mau uso do
aparelho ou defeitos nas instalações do cliente. Mas prepare-se para a burocracia: a espera
será de no mínimo 45 dias.
Não tem saída: o jeito é ter à
mão lanterna, velas, fósforos...
Recomendo que os consumidores se lembrem que são eleitores e podem dar o troco em
todas as autoridades eleitas se
não zelaram adequadamente
pelo seu conforto e segurança.
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