São Paulo, segunda-feira, 06 de março de 2000


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MEIO AMBIENTE

Prefeitura do Rio calcula que desastre pode ter atingido até 100 t de animais na lagoa Rodrigo de Freitas

Poluição mata mais de 20 t de peixes

JACQUELINE FARID
da Sucursal do Rio

Uma grande quantidade de peixes mortos foi retirada ontem da lagoa Rodrigo de Freitas (zona sul do Rio), um dos principais pontos turísticos da cidade.
A Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana) estima que a quantidade de animais mortos na lagoa possa atingir 100 toneladas.
O biólogo Mário Moscatelli -um dos maiores estudiosos do ecossistema da lagoa- estimava na manhã de ontem em 20 toneladas o volume de peixes mortos. O trabalho de retirada foi iniciado no final da manhã de ontem e deve prosseguir hoje.
O secretário municipal do Meio Ambiente, Maurício Lobo, disse que essa pode ter sido a maior mortalidade de peixes na Lagoa dos últimos sete anos.
As secretarias municipal e estadual do Meio Ambiente divergem sobre as causas do acidente, que gerou a a exalação, durante todo dia de ontem, de um forte mau cheiro na região da Lagoa.
O secretário Lobo disse que vai aplicar amanhã uma multa de R$ 250 mil à Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgotos do Rio de Janeiro). É a quarta punição que a empresa sofre neste ano.
Segundo o secretário, houve vazamento da rede de esgoto ontem em ruas do Leblon (zona sul do Rio), o que agravou o acidente ecológico na Lagoa.

Outro lado
A Cedae informou, por intermédio da sua assessoria de imprensa, que houve somente um vazamento no Leblon, de água potável.
"Eu não beberia essa água", disse o secretário Lobo. O presidente da Cedae, Alberto Gomes, rebateu ironizando. "Essas acusações são carnavalescas", disse.
Além disso, a Cedae diagnosticou como causa do acidente a falta de drenagem no canal de acesso de água do mar à Lagoa desde a última quinta-feira. A responsabilidade pela retirada de areia do local (canal do Jardim de Alá, que divide as praias de Ipanema e Leblon) é da Prefeitura do Rio.

Calor e poluição
A conclusão comum dos dois órgãos é que os peixes morreram como resultado da combinação da alta temperatura da água da lagoa com os índices elevados de poluição.
O excesso de material orgânico, agravado pelo aquecimento da água provocado pelo forte calor, reduziu o nível de oxigênio para os peixes.
O presidente da Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente), Axel Grael, disse que morreram sobretudo peixes da espécie savelha, mas que há também traíras e paratis entre os animais mortos.
O cheiro forte de peixe morto afugentou ontem os moradores do Rio e turistas que pretendiam caminhar em volta da lagoa Rodrigo de Freitas.
A prefeitura da cidade estima que 300 mil turistas brasileiros e estrangeiros estão passando o Carnaval no Rio.


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