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VIOLÊNCIA
Aposentada foi ferida na perna quando dormia, durante briga de três horas entre quadrilhas por domínio do tráfico
Bala perdida atinge idosa em casa no Rio
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
Uma aposentada de 69 anos foi
atingida por uma bala perdida enquanto dormia em sua casa, no
morro do Querosene, no bairro
do Catumbi (zona norte do Rio),
na madrugada de ontem, durante
uma batalha de três horas entre
quadrilhas de traficantes rivais.
Segundo a polícia, o confronto
começou por volta da meia-noite,
quando traficantes da facção criminosa Comando Vermelho teriam tentado invadir o morro da
Coroa, vizinho ao Querosene, onde o tráfico de drogas pertence ao
Terceiro Comando.
De acordo com o titular da 6ª
Delegacia de Polícia, Osvaldo Cupello, a tentativa de invasão teria
sido praticada por homens das favelas da Mineira e da Mangueira.
Para o chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, entretanto, o ataque teria
sido articulado por traficantes de
oito morros: Mangueira, Mineira,
Formiga, Fogueteiro, Salet, Borel,
Providência e Brás de Pina.
Ao fim do tiroteio, os invasores
fugiram e não houve mortos.
Na manhã de ontem, era possível ver as marcas da tentativa de
invasão ao morro da Coroa: a sigla CV (Comando Vermelho) pichada nos muros de casas e lojas
da favela. Muitas das pichações
estavam sobre a sigla TC (Terceiro Comando).
Em alguns muros lia-se a inscrição PJL (Paz, Justiça e Liberdade),
slogan criado pelo Comando Vermelho e que também é usado pelo
PCC (Primeiro Comando da Capital). O slogan apareceu escrito
no chão de terra do campo de futebol no complexo penitenciário
do Carandiru e em outros presídios de São Paulo, durante a rebelião do dia 18.
Oscarina Ferreira, 69, dormia ao
lado de sua bisneta, uma menina
de 4 anos, e da mãe dela, Ana Paula Ferreira, 22, quando foi baleada. O tiro atingiu sua coxa esquerda e seus fragmentos penetraram
na perna direita.
"Nós levamos um susto. Quando vi, ela já estava sangrando",
contou Ana Paula. Nem ela nem a
filha ficaram feridas.
Na sala da casa também dormiam a filha de Oscarina, Cássia
Regina Alves Ferreira, 40, com a
filha de 2 anos e a sobrinha de 1
ano, que nada sofreram.
A aposentada foi levada para o
hospital Souza Aguiar (centro do
Rio), se submeteu a uma cirurgia
para a retirada da bala e recebeu
alta no fim da tarde.
Ontem pela manhã, policiais
militares e civis ocuparam o morro da Coroa. Durante a operação,
foram apreendidos sete fuzis, 18
pistolas, uma granada e 177 papelotes de cocaína numa casa que,
segundo a polícia, funcionava como depósito de armas e drogas.
Ninguém foi preso.
Também foram apreendidos
dez carros nas ruas que dão acesso à favela. Segundo Álvaro Lins,
os veículos, roubados anteontem
em bairros das zonas norte e sul
do Rio, teriam sido utilizados pelos invasores para chegar ao local.
Para Osvaldo Cupello, a tentativa de invasão ocorreu porque o
morro da Coroa estaria sem alguém forte para controlar o tráfico de drogas, após a prisão de Valquir Garcia dos Santos, suposto
gerente da favela, no ano passado.
"Quando eles (traficantes rivais) percebem que o morro está
fraco, tentam invadir. A idéia é
dominar o morro rival e ganhar
cada vez mais espaço", explicou
Cupello.
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