|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EFEITO COLATERAL
Seiscentos homens ocupam favelas do Rio, mas armas roubadas de quartel ainda não foram achadas
Cerco do Exército reduz roubo de carros
FERNANDO MAGALHÃES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
O terceiro dia do cerco de 600
homens do Exército e da polícia a
seis favelas do Rio -reforçado
por tropas de Goiânia e Brasília-
ainda não encontrou o que procura, mas teve um efeito colateral:
fez diminuir o número de roubos
e furtos de carro nas áreas ocupadas pelos militares no fim de semana. A operação busca dez fuzis
e uma pistola roubados na sexta-feira de um quartel em São Cristóvão, na zona norte.
Uma das delegacias que mais
registra este tipo de crime na cidade, a 21ª DP (Bonsucesso) teve um
domingo atípico. Segundo um
policial que não quis se identificar, foram apenas duas ocorrências, quando a média varia sempre de dez a 12.
"A gente estaria aqui registrando ocorrências de roubo de carros. Normalmente, a gente não
pára, mas hoje está dando até para ver o jogo do Flamengo", disse.
A 21ª DP responde pela área das
favelas da Vila dos Pinheiros (na
Maré) e parte da de Manguinhos,
ambas na zona norte da cidade.
As duas foram ocupadas.
A delegada Viviane Batista, da
22ª DP -delegacia que responde
pela área da favela Nova Brasília,
no Complexo do Alemão, um dos
principais pontos da operação do
Exército-, destacou que o domingo foi calmo, mas não inibiu a
ação dos criminosos. "O número
de roubos de carros foi baixo,
num total de 13 ocorrências", disse. Numa entrada da Nova Brasília, um tanque do Exército chamava a atenção dos moradores.
A delegacia da área do Jacarezinho, outra favela ocupada, teve só
duas ocorrências, nenhuma delas
de roubo ou furto de automóveis.
Num dia também incomum, a
17ª DP (São Cristóvão), que responde pela área da favela do Caju,
cercada pelo Exército e polícia
neste fim de semana, não havia
registrado até o início da noite de
ontem nenhuma ocorrência de
roubo de carro.
A favela do Dendê também foi
incluída na operação, porque segundo o comandante do 17º BPM
(Ilha do Governador), tenente-coronel Roberto Alves de Lima, o
cabo que teria participado do roubo estaria no local. O militar que
serviu na unidade e é suspeito de
ter facilitado a ação dos bandidos.
O responsável pela assessoria de
imprensa do Comando Militar do
Leste, coronel Fernando Lemos,
reiterou ontem que as ações somente cessarão quando os armamentos forem encontrados. "A
operação permanecerá até que as
armas sejam encontradas".
A última favela a ser cercada ontem foi o morro da Providência,
na zona portuária.
Tropas
Na operação, em que foram usados um veículo blindado e três caminhões, os Serviços de Inteligência da Marinha e Aeronáutica deram apoio. O objetivo do general
Sérgio Curado, do CML (Comando Militar do Leste), que está à
frente dos trabalhos, é sufocar o
tráfico nestes locais para que as
armas sejam devolvidas. Além de
moradores, pessoas em carros e
motos estão sendo paradas e revistadas nos acessos às favelas.
Ontem, o CML divulgou nota
informando que mobilizou tropas de Goiânia e de Brasília, além
de um helicóptero, para ajudar
nas buscas aos dez fuzis FAL 7.62
e à pistola calibre 9 mm, roubados
do quartel do Estabelecimento
Central de Transportes (ECT) na
madrugada de sexta. Ainda segundo o comunicado, "qualquer
tropa do Exército poderá ser mobilizada para atuar nas áreas ocupadas da cidade do Rio".
O inquérito policial militar sobre o caso tem prazo previsto de
30 dias para ser ser concluído.
Texto Anterior: Há 50 anos: Militares assumem culpa por revolta Próximo Texto: Saúde: Governo "guarda" plano contra asma há 1 ano Índice
|