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Beira-Mar viaja 5 dias para ouvir 2 h de depoimento
Custo com viagem supera R$ 50 mil, estima a Federação Nacional dos Policiais Federais; traficante pode voltar ao Rio ainda neste mês
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Para ouvir por apenas duas
horas, ontem, seis testemunhas
de acusação num processo do
qual é réu na Justiça Federal do
Rio, o traficante Luiz Fernando
da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, custou aos cofres públicos
mais de R$ 50 mil, segundo cálculos da Fenapef (Federação
Nacional de Policiais Federais).
Beira-Mar passaria a noite na
sede da PF no Rio e embarca
hoje cedo para Catanduvas.
O traficante responde por
crimes de lavagem de dinheiro,
evasão de divisas e associação
para o tráfico de drogas na 5ª
Vara Federal Criminal. O processo foi iniciado após a prisão,
em 2004, de seu advogado Paulo Roberto Cuzzuol, que foi ao
Paraguai com US$ 320 mil.
Em dezembro, o traficante
ganhou no STF (Supremo Tribunal Federal) um habeas corpus que lhe dá o direito de assistir a todas as audiências em
processos dos quais é réu. Por
isso, embarcou para o Rio. O TJ
não soube informar quantos
são os processos em que Beira-Mar é réu. Disse apenas que ele
já foi condenado duas vezes.
Beira-Mar saiu de Catanduvas (PR) na quinta com destino
a Vitória (ES), em vôo que levava outro preso para prestar depoimento. Eles permaneceram
no presídio de Vila Velha (ES)
até a manhã de ontem, quando
embarcaram para o Rio, onde
Beira-Mar assistiu à audiência.
Beira-Mar chegou ao aeroporto Santos Dumont, no centro, pouco antes do meio-dia.
Vinte e cinco policiais federais
em cinco carros participaram
da operação de segurança que o
levou à sede da Justiça Federal.
O diretor parlamentar da Fenapef, Edson Tesseli, estima
que o custo da aeronave da PF
que faz todo o trajeto -saindo
de Brasília, onde fica, até voltar
para a capital do país- é de cerca de R$ 50 mil.
"São 15 h de vôo em todos os
trajetos, a um custo médio de
US$ 1.500 a hora. Além disso,
temos as diárias dos 10 policiais, o que dá em média R$
1.200/dia [R$ 120 por pessoa]."
A considerar a cotação do dólar em R$ 2,13, os gastos com
vôo somam R$ 47.925. Com
mais os R$ 7.200 referentes às
seis diárias para o grupo de policiais, o custo sobe para R$
55.125. "Sem contar a segurança que os Estados proporcionam nesse período", disse.
O diretor disse que a Fenapef
vai provocar o Conselho Nacional de Segurança para avaliar a
necessidade da presença do criminoso na audiência -há a
possibilidade de teleconferências no presídio de Catanduvas.
Beira-Mar poderá voltar ao
Rio ainda neste mês, caso a juíza Simone Schreiber marque
uma audiência com testemunhas de defesa do traficante. Os
depoimentos, marcados para
hoje, foram suspensos porque
os dois advogados dele alegaram não ter tido tempo suficiente para contatar as pessoas.
Ontem, as testemunhas de
acusação -policiais- detalharam a prisão de Cuzzuol, fruto
de apuração sobre a organização criminosa chefiada por Beira-Mar. O traficante nega que o
transporte dos dólares por
Cuzzuol ocorreu a mando dele.
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