São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Proteção inédita marca ida de Lula ao Rio

Cerca de 1.200 militares, incluindo pára-quedistas, fuzileiros navais e atiradores de elite, farão a segurança do petista

Presidente visita favelas do Alemão, Manguinhos e Rocinha para celebrar início das obras do PAC; forças locais terão ação secundária

MÁRCIA BRASIL
RAPHAEL GOMIDE
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Um esquema de segurança inédito protegerá o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante os três dias de visita ao Rio, a partir de amanhã, em roteiro que inclui três núcleos de favelas -Alemão, Manguinhos e Rocinha. Só das três Forças Armadas deverão ser destacados cerca de 1.200 militares, entre pára-quedistas e fuzileiros navais, integrantes de tropas de elite e combate.
No complexo do Alemão, haverá oito atiradores de precisão em pontos estratégicos perto do palanque onde o presidente discursará. Além do Alemão (um dos mais violentos aglomerados de favelas do Rio), Lula visitará amanhã a vizinha comunidade de Manguinhos (zona norte) e a favela da Rocinha (São Conrado, zona sul). Veículos blindados das Forças Armadas estarão nas três favelas.
A visita é encarada pelos militares como oportunidade para conhecer o terreno e preparar a tropa, para o caso eventual de emprego de militares em segurança pública, questão polêmica que ganha apoio no Ministério da Defesa em razão da possibilidade de obtenção de mais verbas para o reaparelhamento das Forças. Militares ocuparão as comunidades a partir da noite de hoje.
Lula irá às comunidades para celebrar o início das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). A primeira visita será ao Alemão, às 9h. Lula não subirá o complexo, onde desde maio do ano passado já morreram ao menos 80 pessoas em confrontos envolvendo policiais e traficantes.
Por determinação das Forças Armadas, responsável pelo esquema de proteção ao presidente, o palanque foi montado no largo do Itararé, a 1 km do principal acesso à favela da Grota, reduto da facção criminosa CV (Comando Vermelho).
O esquema de proteção da visita do presidente Lula será comandado por um general do Exército designado pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência). O aparato empregará ostensivamente (com homens uniformizados) unidades operacionais de elite, como a 9ª Brigada de Infantaria Motorizada e a Brigada de Infantaria Pára-Quedista -ambas do Exército- e o Corpo de Fuzileiros Navais, da Marinha. A segurança pessoal de Lula, de responsabilidade federal, será tarefa de militares à paisana (esquema conhecido por "segurança velada").

Pára-quedistas
No Alemão e em Manguinhos, o Exército escalou 90 pára-quedistas -a Marinha, 40 fuzileiros navais. Haverá ainda policiais federais, especialistas em desarmamentos de explosivos, e, em tarefas secundárias, policiais civis e militares e guardas municipais.
Chamados de "caçadores" no meio militar, os atiradores de elite do Exército formarão duplas, espalhadas por locais estratégicos escolhidos ontem em vistoria no Alemão. Cerca de 40 oficiais do Exército, policiais federais e seguranças da Presidência percorreram as favelas, conversaram com moradores e avisaram que a rotina amanhã será alterada por causa da presença de Lula.
Após o Alemão, o presidente segue para Manguinhos, com previsão de chegada às 11h40. O palanque foi montado em frente à escola Juscelino Kubitscheck, fora da região central da favela, controlada pelo CV.
A visita à Rocinha deve começar às 14h30. Na favela, o esquema de segurança será cerca de 70% do empregado nas visitas às outras favelas, por ser considerada pelas autoridades mais calma que as demais visitadas por Lula. O tráfico na Rocinha é controlado pela facção ADA (Amigo dos Amigos).


Texto Anterior: Administração: Prefeito demite secretários presos
Próximo Texto: Grandes obras são as que mais assustam moradores de favelas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.