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Cota social deixa jovem mulato fora de universidade gaúcha
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Autor de um recurso ao Supremo Tribunal Federal contra
o sistema de cotas, Giovane
Pasqualito Fialho, 20, considera-se injustiçado pelo suposto
"assistencialismo" praticado
pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Em 2008, na segunda tentativa de ingressar na instituição,
ficou na 132ª posição no vestibular para administração (160
vagas), mas perdeu o lugar para
um cotista de escola pública.
"O sistema de cotas foi uma
imposição goela abaixo, a universidade não discutiu com a
sociedade. É uma polícia assistencialista como tantas outras
do governo, e essa despreza totalmente o mérito", diz.
Na UFRGS, o critério adotado prevê 30% das vagas para estudantes egressos da escola pública -metade dessa cota é para alunos afrodescendentes.
Em três vestibulares realizados
dessa forma, 4.200 cotistas ingressaram na instituição.
Embora se declare mulato (o
pai é negro), Fialho ficou fora
por vir de escola particular.
Uma das críticas que ele faz
às cotas é obrigar sua geração a
"pagar a dívida histórica com a
escravidão", abolida no século
19. Antes de chegar ao STF, sua
contestação à cota foi vitoriosa
na primeira instância e derrotada na segunda (Tribunal Regional Federal da 4ª Região).
Enquanto o caso corre na
Justiça, Fialho cursa licenciatura em música em uma faculdade privada.
Entusiasta das cotas, o secretário de assistência estudantil
da UFRGS, o sociólogo Edilson
Nabarro, que é negro, afirmou
que o sistema está mudando o
perfil dos acadêmicos da instituição. "Embora os negros sejam 13% da população do RS,
antes das cotas nem 1% conseguia entrar aqui. Há mais pobres também. Essa política
possibilitou uma oportunidade
para o andar de baixo", declara.
Nabarro refuta que o sistema
tenha sido imposto. Segundo
ele, o debate que precedeu a
criação da cota levou cinco
anos e culminou com a aprovação do conselho superior da
instituição. "Foram intelectuais brancos, que prezam o
mérito, que decidiram", diz.
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