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QUESTÃO RACIAL
48% dos negros dizem já ter sido revistados por policiais, contra 46% dos pardos e 34% dos brancos
Negros são mais abordados e agredidos
da Reportagem Local
Os negros são abordados com
mais frequência, recebem mais insultos e mais agressões físicas que
os brancos em São Paulo. A desvantagem, revelada pela pesquisa
Datafolha, não pára por aí: percentualmente, também há mais revistados negros que qualquer outro
grupo étnico.
Entre os da raça negra, quase
metade (48%) já foi revistada alguma vez. Desses, 21% já foram ofendidos verbalmente e 14%, agredidos fisicamente por policiais.
Os pardos superam os negros em
ofensas: 27% deles foram ofendidos verbalmente e 12% agredidos
fisicamente. Ao todo, 46% já foram revistados alguma vez.
A população branca é menos visada pela polícia. Entre estes, 34%
já passaram por uma revista, 17%
ouviram ofensas e 6% já foram
agredidos, menos da metade da incidência entre negros.
A escolaridade e condição financeira têm pouca influência sobre a
frequência e incidência das revistas policiais e da violência praticada pela polícia.
Tanto é assim que 36% dos que
têm renda familiar até dez salários
mínimos (R$ 1.120) já foram revistados, contra 37% daqueles cuja
renda supera 20 salários mínimos
(R$ 2.240).
Entre os entrevistados com nível
superior, 38% disseram já ter sido
parados e revistados pela polícia,
contra 35% entre os que só têm até
o primeiro grau, às vezes incompleto.
Abordagem
A pesquisa identificou também
um índice alarmante de violência
nas abordagens policiais. Entre os
que já foram revistados alguma
vez pela polícia, 38% foram ofendidos verbalmente e 19%, agredidos fisicamente.
Há ainda os que nunca foram revistados pela polícia, mas mesmo
assim já foram ofendidos por ela.
Ao todo, eles somam 8%.
Talvez por conta dessa experiência, as ações da polícia são consideradas mais violentas do que deveriam por 73% dos entrevistados,
índice maior do que o verificado
na pesquisa feita em 95, quando
44% tinham essa opinião.
Naquela ocasião, a violência utilizada pela polícia era considerada
apropriada por 35%, número que
despencou para 14% depois do que
os paulistanos puderam ver pela
televisão.
Ainda assim, 7% dos entrevistados sugerem mais violência aos
policiais. Curiosamente, entre os
negros há maior incidência dessa
opinião: 11% acham que a polícia é
menos violenta que o necessário,
contra 7% entre os brancos.
A imagem da polícia também é
mais branda entre os que não viram as imagens da violência praticada pelos PMs pela TV. Nesse
universo, 53% acham a polícia
mais violenta do que deveria e
14%, menos violenta.
(RV)
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