São Paulo, terça-feira, 06 de abril de 2004

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EDUCAÇÃO

Número representa 69% das matrículas cassadas no país; no Piauí, município registra mais alunos do que habitantes

Bahia tem quase 200 mil casos irregulares

DA SUCURSAL DO RIO

Ao analisar os dados do Censo Escolar de 2003, o Ministério da Educação encontrou casos absurdos, erros grosseiros e diferenças de quase 200 mil estudantes em um único Estado.
O caso mais curioso aconteceu no município de Santo Antônio dos Milagres, no Piauí. A julgar pelos dados iniciais do censo, ocorreu na cidade o milagre da multiplicação de alunos, já que o número total de estudantes (1.996) era maior do que a estimativa de toda a população (1.953).
Depois de uma auditoria, o número total de alunos caiu para 1.360, sendo que apenas 713 deles estudavam no ensino fundamental. O secretário municipal da Educação, Carlos Roberto Costa, admite o erro.
O secretário, porém, credita a incorreção aos diretores que preencheram de forma errada os dados do censo.
"Essa estatística foi corrigida depois que técnicos do IBGE [há uma parceria entre MEC e IBGE para investigar esses casos] vieram aqui checar os dados", disse o secretário.

Matrículas "cassadas"
Do censo preliminar ao definitivo, o Estado que mais perdeu alunos de ensino fundamental foi a Bahia, onde 196.026 sumiram das estatísticas. Esse número representa 69% das 282.712 matrículas "cassadas" em todo o Brasil.
Nesse processo, a rede estadual de educação de jovens e adultos no ensino fundamental da Bahia teve um crescimento artificial de 14.224% -o número de estudantes passou de 1.294 para 185.348 nas estatísticas.
A secretária estadual de Educação da Bahia, Anaci Bispo Paim, afirma que essa variação aconteceu porque havia estudantes que estavam matriculados num programa para eliminar a distorção idade/série -acelerando os estudos e colocando o aluno na série adequada à sua idade-, que contavam como matrículas do ensino fundamental, e que foram encaminhados à rede de educação de jovens e adultos.
Dirce Gomes, do Inep, diz que há casos em que os erros são tão grosseiros que não suscitam desconfiança de fraude ou má-fé.
Ela cita o caso de uma escola de jovens e adultos no Pará (o ministério não divulgou o nome) onde o número de alunos foi 70 vezes maior do que o real.
"Esse erro é tão grosseiro que eu não consigo imaginar que tenha havido má-fé", afirmou ela.
(ANTONIO GOIS)


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