São Paulo, terça-feira, 06 de abril de 2004

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CRIME EM PERDIZES

Um cheque do empresário assassinado, com o nome falsificado, foi descontado no caixa por Gil Rugai

Filho forjou assinatura do pai, diz promotora

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O universitário Gil Grecco Rugai, 20, falsificou a assinatura do pai, o empresário Luiz Carlos Rugai, 40, e descontou cheques da empresa dele, a Referência Filmes, segundo o Ministério Público. Ao ser questionado sobre a fraude, Gil teria dito ao próprio pai que queria prejudicá-lo. O jovem continuava foragido até a conclusão desta edição.
Com a prisão temporária decretada desde sexta-feira, o jovem é o principal suspeito pela morte de Rugai e da mulher dele, Alessandra, 33. O casal foi assassinato a tiros no dia 28 de março, em Perdizes (zona oeste de São Paulo).
Segundo a promotora Mildred Gonzalez Campi, designada para acompanhar o caso, pelo menos três cheques da empresa de Rugai mostram que Gil está por trás do desfalque na produtora.
Em um dos cheques que está no inquérito, a assinatura de Rugai foi falsificada e o valor foi descontado no caixa do banco (cheque nominal) por Gil. Os dois outros cheques foram encontrados nos pertences do jovem apreendidos nas buscas realizadas nas casas de amigos e de familiares de Gil.
Um cheque estava em branco. O outro também tinha a assinatura falsificada e estava nominal a Gil, mas não havia sido descontado. Um papel em branco com a assinatura de Rugai, também encontrada nos pertencentes do jovem, reforça a tese da polícia de que ele estava envolvido no desfalque.
Segundo a promotora, a assinatura da folha pode ter sido utilizada como modelo para a falsificação. Pelos cálculos do empresário, relatados a amigos, o desfalque poderia chegar a R$ 100 mil.
De acordo com Mildred Campi, amigos de Rugai que já depuseram na polícia afirmaram que o empresário ficou chocado ao descobrir o desfalque. Segundo o que o empresário teria falado a amigos, Gil negou na primeira conversa, mas depois admitiu a fraude. Usando palavrões, o jovem teria dito ao pai que queria prejudicá-lo. Rugai afastou o filho do setor de finanças da empresa.
A participação no desfalque é apenas um dos vários indícios contra Gil. "A prisão temporária foi pedida para que ele não ameaçasse testemunha ou destruísse provas", disse a promotora.
Segundo ela, Gil tem contra ele até um álibi já desmentido. Ele informou inicialmente que, no horário do crime, foi apanhado em casa por uma amiga para jantar. A jovem, ouvida pela polícia, disse que o jantar foi às 23h -o crime ocorreu por volta das 21h.
A nota fiscal de um coldre para pistola 380 -mesma arma usada no crime-, estojos (com e sem munição), cartões de lojas de vendas de armamentos e o certificado de conclusão de um curso de tiro encontrados nos pertences do universitário complicaram ainda mais a situação de Gil.
Uma testemunha também disse à polícia que viu quando Gil e outro jovem saíam da casa na hora aproximada do crime. O jovem tinha as chaves do portão dos fundos. A polícia acredita que ele pode ter entrado e saído pelo mesmo portão, mas ainda não sabe quanto tempo ficou na casa.
Ontem, Fernando José da Costa, um dos advogados de Gil, foi à polícia dizer que ele irá se apresentar hoje à tarde. Costa afirmou que só irá falar sobre as provas depois do depoimento.
Segundo o Ministério Público, o inquérito não tramita sob segredo de Justiça, como a polícia chegou a afirmar. O sigilo é pontual, segundo a promotora, e refere-se apenas a escutas telefônicas feitas durante a investigação.


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