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CRIME EM PERDIZES
Um cheque do empresário assassinado, com o nome falsificado, foi descontado no caixa por Gil Rugai
Filho forjou assinatura do pai, diz promotora
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O universitário Gil Grecco Rugai, 20, falsificou a assinatura do
pai, o empresário Luiz Carlos Rugai, 40, e descontou cheques da
empresa dele, a Referência Filmes, segundo o Ministério Público. Ao ser questionado sobre a
fraude, Gil teria dito ao próprio
pai que queria prejudicá-lo. O jovem continuava foragido até a
conclusão desta edição.
Com a prisão temporária decretada desde sexta-feira, o jovem é o
principal suspeito pela morte de
Rugai e da mulher dele, Alessandra, 33. O casal foi assassinato a tiros no dia 28 de março, em Perdizes (zona oeste de São Paulo).
Segundo a promotora Mildred
Gonzalez Campi, designada para
acompanhar o caso, pelo menos
três cheques da empresa de Rugai
mostram que Gil está por trás do
desfalque na produtora.
Em um dos cheques que está no
inquérito, a assinatura de Rugai
foi falsificada e o valor foi descontado no caixa do banco (cheque
nominal) por Gil. Os dois outros
cheques foram encontrados nos
pertences do jovem apreendidos
nas buscas realizadas nas casas de
amigos e de familiares de Gil.
Um cheque estava em branco. O
outro também tinha a assinatura
falsificada e estava nominal a Gil,
mas não havia sido descontado.
Um papel em branco com a assinatura de Rugai, também encontrada nos pertencentes do jovem,
reforça a tese da polícia de que ele
estava envolvido no desfalque.
Segundo a promotora, a assinatura da folha pode ter sido utilizada como modelo para a falsificação. Pelos cálculos do empresário,
relatados a amigos, o desfalque
poderia chegar a R$ 100 mil.
De acordo com Mildred Campi,
amigos de Rugai que já depuseram na polícia afirmaram que o
empresário ficou chocado ao descobrir o desfalque. Segundo o que
o empresário teria falado a amigos, Gil negou na primeira conversa, mas depois admitiu a fraude. Usando palavrões, o jovem teria dito ao pai que queria prejudicá-lo. Rugai afastou o filho do setor de finanças da empresa.
A participação no desfalque é
apenas um dos vários indícios
contra Gil. "A prisão temporária
foi pedida para que ele não ameaçasse testemunha ou destruísse
provas", disse a promotora.
Segundo ela, Gil tem contra ele
até um álibi já desmentido. Ele informou inicialmente que, no horário do crime, foi apanhado em
casa por uma amiga para jantar. A
jovem, ouvida pela polícia, disse
que o jantar foi às 23h -o crime
ocorreu por volta das 21h.
A nota fiscal de um coldre para
pistola 380 -mesma arma usada
no crime-, estojos (com e sem
munição), cartões de lojas de vendas de armamentos e o certificado
de conclusão de um curso de tiro
encontrados nos pertences do
universitário complicaram ainda
mais a situação de Gil.
Uma testemunha também disse
à polícia que viu quando Gil e outro jovem saíam da casa na hora
aproximada do crime. O jovem tinha as chaves do portão dos fundos. A polícia acredita que ele pode ter entrado e saído pelo mesmo
portão, mas ainda não sabe quanto tempo ficou na casa.
Ontem, Fernando José da Costa,
um dos advogados de Gil, foi à
polícia dizer que ele irá se apresentar hoje à tarde. Costa afirmou
que só irá falar sobre as provas depois do depoimento.
Segundo o Ministério Público, o
inquérito não tramita sob segredo
de Justiça, como a polícia chegou
a afirmar. O sigilo é pontual, segundo a promotora, e refere-se
apenas a escutas telefônicas feitas
durante a investigação.
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