São Paulo, sexta-feira, 06 de abril de 2007

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Para controladores, recuo era única saída

Militares acreditam que o pedido de perdão ajudará a aliviar a pressão criada com a volta dos oficiais ao comando das salas de controle

Operadores de vôo relatam que estão sendo vigiados pela polícia da Aeronáutica e que enfrentam restrição até para ir ao banheiro

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA

Controladores militares ouvidos pela Folha ontem afirmaram que o pedido de perdão à sociedade brasileira era a única saída para retomar as negociações com o governo depois do motim da sexta-feira passada. Dizem também que a nota servirá para tentar melhorar a imagem da categoria junto à população.
Cinco controladores militares dos Cindactas 2 (Curitiba) e 3 (Recife), que aceitaram falar à Folha sob a condição de anonimato, relatam que a medida poderá ainda aliviar a tensão criada com a volta dos oficiais ao comando das salas de controle. Os oficiais, dizem, deflagraram uma espécie de "caça às bruxas" à procura dos simpatizantes aos grevistas ou aos amotinados.
Em Curitiba, os operadores afirmam que a polícia da Aeronáutica continua vigiando-os dentro da sala de controle. Afirmam que há restrição até para ir ao banheiro.
Já os controladores de Recife afirmaram que a ordem é para que eles não se comuniquem entre si, sob risco de advertência. Um operador com mais de dez anos de experiência contou que a Aeronáutica "grampeou" telefones celulares e "rastreia" e-mails daqueles considerados subversivos pelos militares.
Procurada, a FAB não comentou o assunto até a conclusão desta edição.
Os controladores de vôo de Manaus, que fizeram uma greve de fome no dia do motim, disseram concordar com o pedido de perdão. O presidente da ABCTA de Manaus, sargento Wilson Aragão, disse que concorda com o teor da nota e que divulgará texto próprio no qual também pedirão perdão pelos transtornos causados em 30 de março.
Segundo Aragão, os controladores do Cindacta-4, órgão responsável pela controle aéreo na região amazônica, não fizeram motim e não desacataram ordens de superiores.
"Em Manaus, não houve quebra de hierarquia e as ordens foram acatadas", diz Aragão. Ele disse que o movimento em Manaus, que incluiu greve de fome, foi um "auto-aquartelamento", e não um motim.
Na sexta-feira, um manifesto dos controladores, divulgado por meio da Ifatca (federação internacional), fazia críticas ao Comando da Aeronáutica e apresentava uma lista de reivindicações, como o fim das punições militares, gratificação salarial emergencial, desmilitarização do setor, entre outros pedidos.
"A incompatibilidade entre a vida militar e o controle do tráfego aéreo já foi denunciada pela OACI (Organização da Aviação Civil Internacional) e pela OIT (Organização Internacional do Trabalho)", dizia o manifesto, apócrifo, divulgado.

Controladores civis
Já o sindicato dos controladores civis, que são minoria, divulgou nota ontem afirmando que a categoria está em estado de greve, mas que, por ora, não há previsão de paralisação.
O estado de greve foi aprovado durante assembléia realizada no último dia 16.
Também disseram que, mesmo que ocorra a paralisação, o governo e a sociedade serão avisados com antecedência e 30% da categoria irá manter as atividades, "por ser um serviço essencial".


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