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Para controladores, recuo era única saída
Militares acreditam que o pedido de perdão ajudará a aliviar a pressão criada com a volta dos oficiais ao comando das salas de controle
Operadores de vôo relatam que estão sendo vigiados pela polícia da Aeronáutica e que enfrentam restrição até para ir ao banheiro
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA
Controladores militares ouvidos pela Folha ontem afirmaram que o pedido de perdão
à sociedade brasileira era a única saída para retomar as negociações com o governo depois
do motim da sexta-feira passada. Dizem também que a nota
servirá para tentar melhorar a
imagem da categoria junto à
população.
Cinco controladores militares dos Cindactas 2 (Curitiba) e
3 (Recife), que aceitaram falar
à Folha sob a condição de anonimato, relatam que a medida
poderá ainda aliviar a tensão
criada com a volta dos oficiais
ao comando das salas de controle. Os oficiais, dizem, deflagraram uma espécie de "caça às
bruxas" à procura dos simpatizantes aos grevistas ou aos
amotinados.
Em Curitiba, os operadores
afirmam que a polícia da Aeronáutica continua vigiando-os
dentro da sala de controle.
Afirmam que há restrição até
para ir ao banheiro.
Já os controladores de Recife
afirmaram que a ordem é para
que eles não se comuniquem
entre si, sob risco de advertência. Um operador com mais de
dez anos de experiência contou
que a Aeronáutica "grampeou"
telefones celulares e "rastreia"
e-mails daqueles considerados
subversivos pelos militares.
Procurada, a FAB não comentou o assunto até a conclusão desta edição.
Os controladores de vôo de
Manaus, que fizeram uma greve de fome no dia do motim,
disseram concordar com o pedido de perdão. O presidente
da ABCTA de Manaus, sargento Wilson Aragão, disse que
concorda com o teor da nota e
que divulgará texto próprio no
qual também pedirão perdão
pelos transtornos causados em
30 de março.
Segundo Aragão, os controladores do Cindacta-4, órgão
responsável pela controle aéreo na região amazônica, não
fizeram motim e não desacataram ordens de superiores.
"Em Manaus, não houve
quebra de hierarquia e as ordens foram acatadas", diz Aragão. Ele disse que o movimento
em Manaus, que incluiu greve
de fome, foi um "auto-aquartelamento", e não um motim.
Na sexta-feira, um manifesto
dos controladores, divulgado
por meio da Ifatca (federação
internacional), fazia críticas ao
Comando da Aeronáutica e
apresentava uma lista de reivindicações, como o fim das
punições militares, gratificação
salarial emergencial, desmilitarização do setor, entre outros
pedidos.
"A incompatibilidade entre a
vida militar e o controle do tráfego aéreo já foi denunciada
pela OACI (Organização da
Aviação Civil Internacional) e
pela OIT (Organização Internacional do Trabalho)", dizia o
manifesto, apócrifo, divulgado.
Controladores civis
Já o sindicato dos controladores civis, que são minoria, divulgou nota ontem afirmando
que a categoria está em estado
de greve, mas que, por ora, não
há previsão de paralisação.
O estado de greve foi aprovado durante assembléia realizada no último dia 16.
Também disseram que, mesmo que ocorra a paralisação, o
governo e a sociedade serão
avisados com antecedência e
30% da categoria irá manter as
atividades, "por ser um serviço
essencial".
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