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68% defendem que aborto continue crime no Brasil
Segundo Datafolha, maior percentual favorável à lei está entre quem tem 60 anos ou mais: 73%
Pesquisa revela que taxa dos que querem que o aborto continue sendo crime está em ascensão: era de 63% em 2006, ante 65% em 2007
DA REPORTAGEM LOCAL
Sete em cada dez brasileiros,
praticamente, defendem que a
lei de aborto continue como está. Segundo pesquisa Datafolha, 68% dos brasileiros querem que a lei não sofra qualquer mudança. Aborto é considerado crime pelo Código Penal, punido com pena de prisão
de um a quatro anos para a mulher que consentiu a prática.
A taxa dos que querem que o
aborto continue sendo tratado
como crime está em ascensão.
Em 2006, os que defendiam a
lei somavam 63%; em 2007,
eram 65%. A taxa dos que não
querem flexibilizar a lei cresceu 14 pontos percentuais entre 1993 e 2008. Naquele ano,
54% defendiam a punição criminal ao aborto.
Quanto mais elevada a escolaridade, maior é o apoio a mudanças na lei. Entre os que concluíram curso superior, 30%
defendem que o aborto seja
permitido em mais situações
do que é hoje: quando a mulher
corre risco de morte, quando há
má-formação no feto e quando
a gravidez é resultado de crime.
Entre os que só cursaram o
ensino fundamental, a taxa dos
que são contrários a mudanças
é a terceira mais alta: 71%. A segunda taxa mais elevada dos
que defendem a manutenção
da lei está na região Sul do país
(72%). O percentual mais alto é
encontrado entre os que têm
60 anos ou mais: 73%.
O grau de urbanização parece influenciar os que defendem
mudanças. Um quinto dos moradores das capitais dizem que
gostariam de uma lei que permitisse o aborto em mais situações -seis pontos percentuais
acima da média nacional. Já
nas cidades do interior, 70%
querem que a lei siga sem mudanças -dois pontos acima da
média. Cariocas e paulistanos
têm visões diferentes sobre essa questão. No Rio, o tema é tratado com mais liberalidade
-53% defendem que a lei continue a mesma (15 pontos abaixo da média). Já em São Paulo,
essa taxa é de 59%.
Campanha
O aumento da taxa dos que
são contrários a flexibilizar a lei
de aborto pode ter alguma relação com a campanha que a
Igreja Católica move contra esse tipo de prática no Brasil.
A campanha mais contundente foi feita pela Arquidiocese do Rio de Janeiro. Lá, no último mês, padres levaram às
missas reproduções de fetos.
Foram produzidos 600 bonecos imitando fetos com três
meses de gestação. Eles foram
usados em procissões e nas 264
igrejas da cidade. Os bonecos
de fetos fazem parte da campanha da fraternidade de 2008 da
CNBB (Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil), cujo lema
é "Escolhe, pois é vida".
Em São Paulo, as manifestações da Igreja Católica tiveram
um tom menos contundente:
foi realizado um ato público
contra o aborto na praça da Sé.
O alvo da CNBB é um projeto
de lei que descriminaliza o
aborto. Ele está parado há 16
anos na Câmara dos Deputados
e havia a previsão de que poderia entrar na pauta neste mês.
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