São Paulo, domingo, 06 de abril de 2008

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MILTON DOMINGOS

Ou Carlitos, Charles Chaplin de Jundiaí

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A bengala, o chapéu, o bigode e os pés virados fizeram história na cidade onde nasceu Carlitos de Jundiaí. Seu enterro foi embalado pela própria banda, tocando "Luzes da Ribalta" -a primeira vez que fez alguém chorar.
Milton Domingos se mudou pequeno para São Paulo. Tinha 15 anos quando começou a ver filmes do ator Charles Chaplin passados na paróquia, após a missa. Virou assíduo. "Tinha flexibilidade nas pernas" e juntou a "veia de artista" com os pés virados para fora. Tornou-se atração na igreja, nas festinhas, e até na empresa onde consertava elevadores.
De volta a Jundiaí, lá pelos 20 anos, não parou de imitar. Tinha a roupa negra, o chapéu, a gravata e a bengala. Era só se caracterizar para agradar a uma cidade inteira. "Também trabalhou de verdade", diz a viúva. Era bom vendedor na vinícola, onde se aposentou. Fez até propaganda na TV sobre vinagre.
Já em 1967 era celebridade local, ao vencer o concurso de Melhor Imitador do Brasil, feito por Silvio Santos. Desde então passou a animar de festa a jogos de futebol. Como Carlitos, se apresentou no teatro e no cinema -encenou "O Ébrio" e gravou "Crepúsculo do Ódio". E fez até ponta em novela, com a Banda do Carlitos, criada por ele para animar festas.
Tinha três filhos e dois netos. Quando fez 60 anos de carreira, em janeiro, ganhou uma mostra na biblioteca. Não foi ver. Morreu no dia 1º, aos 75, de câncer.

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