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MILTON DOMINGOS
Ou Carlitos, Charles Chaplin de Jundiaí
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A bengala, o chapéu, o bigode e os pés virados fizeram
história na cidade onde nasceu Carlitos de Jundiaí. Seu
enterro foi embalado pela
própria banda, tocando "Luzes da Ribalta" -a primeira
vez que fez alguém chorar.
Milton Domingos se mudou pequeno para São Paulo.
Tinha 15 anos quando começou a ver filmes do ator Charles Chaplin passados na paróquia, após a missa. Virou assíduo. "Tinha flexibilidade
nas pernas" e juntou a "veia
de artista" com os pés virados para fora. Tornou-se
atração na igreja, nas festinhas, e até na empresa onde
consertava elevadores.
De volta a Jundiaí, lá pelos
20 anos, não parou de imitar.
Tinha a roupa negra, o chapéu, a gravata e a bengala.
Era só se caracterizar para
agradar a uma cidade inteira.
"Também trabalhou de verdade", diz a viúva. Era bom
vendedor na vinícola, onde
se aposentou. Fez até propaganda na TV sobre vinagre.
Já em 1967 era celebridade
local, ao vencer o concurso
de Melhor Imitador do Brasil, feito por Silvio Santos.
Desde então passou a animar
de festa a jogos de futebol.
Como Carlitos, se apresentou no teatro e no cinema
-encenou "O Ébrio" e gravou "Crepúsculo do Ódio". E
fez até ponta em novela, com
a Banda do Carlitos, criada
por ele para animar festas.
Tinha três filhos e dois netos. Quando fez 60 anos de
carreira, em janeiro, ganhou
uma mostra na biblioteca.
Não foi ver. Morreu no dia 1º,
aos 75, de câncer.
obituario@folhasp.com.br
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